Coraci Ruiz, de 43 anos, diretora de cinema, mora em São Paulos, Campinas, onde trabalha dirigindo uma produtora de documentários. A cineasta tem dois filhos, Martí, de 14 anos, e Noah, que completará 20 no próximo mês. Coraci contou que engravidou com 22 anos, muito jovem. Segundo ela, o resultado do ultrassom dizia que o bebê que esperava seria uma menina e ela acreditou.
De acordo com seu depoimento para a jornalista freelancer Lia Hama, aos 15 anos, seu filho Noah que continuava sendo chamado pelo nome que foi registrado quando nasceu, revelou para ela que estava com dúvidas quanto a sua identidade de gênero. O jovem contou para mãe que tinha um amigo que estava fazendo uso de testosterona para fazer a transição.
Coraci explicou que acompanhou a transição do amigo do filho, mas não acreditava que Noah também fosse trans. “Ele nunca havia se identificado como sendo do sexo masculino. Na verdade, ele tinha um lado feminino muito forte”, contou a cineasta.
A diretora de cinema confessou que ficou atordoada quando percebeu o que o filho estava enfrentando, as dúvidas e o medo de como ela poderia reagir ao tomar conhecimento da sua verdade. Coraci disse que sempre sonhou em ser uma mãe compreensiva e acolhedora. O medo de Coraci era o filho sofrer preconceito e não ser aceito na sociedade, como um amigo.
Diante disso, Coraci resolveu entrevistar o próprio filho e fazer um documentário com sua história. Ela também deixou claro que sempre respeitou as escolhas dele. “O mais difícil foi aceitar a mudança do corpo dele. Demorei até conseguir assinar o papel autorizando o Noah a fazer a transição de gênero”, desabafou ela, enfatizando que seu medo era ele se arrepender depois.