Filme de monstro é filme de monstro. Como dito por aí, não há que se falar em busca existencial ou filosofia francesa em um filme de monstro gigante detonando monstro gigante. E dentro desse princípio, Godzilla 2 é um belo filme. Em Godzilla II todos os desenvolvimentos de Godzilla são resgatados e colocados em conjunto com a exploração da Ilha da Caveira, habitat de King Kong, colocando ambos gigantes no mesmo universo, como a cena pós crédito de King Kong já havia feito e indicado. A decepção é que a participação de Kong fica somente em menções e trechos de filmagens, sem uma aparição direta.
O primeiro destaque positivo fica por conta da narrativa, fluída e objetiva, sem criar muitas expectativas, salvo quando um personagem toma uma decisão sem justificativa, que logo depois é esclarecido pela trama e acaba por fazer todo sentido. O filme acaba tendo uma condução que lembra Jurassic Park, o que por sí só é uma referência interessante. Já a animação gráfica das criaturas está magistral, brutal sem ser rebuscada, e as lutas entre eles são fáceis de acompanhar, ao contrário do que ocorre em Transformers. Para coroar, uma bela fotografia faz esse filme superar todas as expectativas.
Um ponto à parte é justamente sobre as interpretações. Milly Bobby Brown, a eterna Eleven, se mostra cada vez mais uma atriz madura mesmo com sua pouca idade, e candidata a grande atriz em um futuro não muito distante. Vera Farmiga, sempre bem, e Ken Watanabe conferindo uma profundidade interessante, acabam por ser dois conduítes narrativos para a discussão de pontos de vista distintos e válidos, com uma pitada de reflexão ecológica ao final. Vale mencionar a cena pós créditos, que de válido mesmo só traz a possibilidade de continuação.
Sinal dos tempos modernos, Godzilla reinterpreta o papel dos monstros gigantes, e coloca alguma profundidade na existência de grandes predadores, enriquecendo a discussão sobre o papel da humanidade. Quem diria.