American Gods é uma série imperdível que não é para todos

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E o homem fez de Deus sua imagem e semelhança. Parece se tratar de um uma inversão do que foi ensinado na escola de catequese, mas corresponde a uma visão muito mais exata do que ocorreu no mundo, desde que o mundo é mundo. E cada homem levou cada Deus a cada mundo conquistado. E assim os deuses chegaram na América. 

A premissa da série American Gods, da Amazon Prime, lança uma luz sobre a relação do homem com seus deuses como só o poeta moderno Neil Gaiman consegue, e que inclusive lhe rendeu um contrato de exclusividade com o canal. Em resumo a série trabalha o conceito que qualquer deus tira seu poder da crença e dos fiéis, e mostra como a crença foi mudando de alvo ao longo dos anos e dos séculos, enfraquecendo deuses clássicos e empoderando deuses modernos, dentre os quais vale citar a internet, o dinheiro, a mídia; relevando os velhos deuses a viver das migalhas das crenças daqueles poucos que ainda ousam acreditar

Baseada em um livro, a cada página, a cada citação, a cada trecho da série televisiva, é destilada uma poesia que conversa com a alma e com as convicções de cada um. Uma série imperdível que não é para todos, pois choca ao mesmo tempo que entretém. Um enredo do mestre do realismo fantástico moderno, que traz do cimento da mesmice da televisão algo que mexe nas entranhas e no estômago de cada um.   

Uma série só para aqueles que acreditam que há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia. Afinal, acreditar é dar vida. Acreditar é conferir poder. E o final da crença é a morte e o esquecimento eterno.