É natural que toda vez que acontece um reboot, o mesmo crie alguma dissidência entre fãs, que vão preferir o novo, ou o velho, como aconteceu com o Homem Aranha, e dificilmente vai se atingir a unanimidade, feito desse novo Hellboy, que público e crítica são harmônicos em dizer que é um lixo e uma total perda de tempo.
Difícil avaliar o que é pior: se o confuso e desnecessário enredo envolvendo rei Arthur e Excallibur (parem de envolver a Excallibur em tudo que é filme. Não fica legal, não faz sentido e só parece desespero criativo) – ainda que seja originário dos quadrinhos; as péssimas atuações, com destaque para a canastrice de Milla Jokovich e a birra manhosa de David Harbour, que vem de ótima temporada em Stanger Things, mostrando que a responsabilidade é da direção; ou a absoluta falta de criatividade para se criar efeitos e criaturas.
Guillermo Del Toro fez dois filmes do vermelhão, que teve em Ron Pearlman aquele tipo de ator que encarna e redefine o personagem. Os filmes foram sucesso de crítica e de renda, e contavam com a inspiração e genialidade de Del Toro, dono de uma sensibilidade e uma linguagem visual únicas, sabendo envolver e amedrontar ao mesmo tempo. O universo de Del Toro era um convite à imaginação, um passeio pelo fantástico e um mergulho nas singularidades de uma cria do inferno que amava gatinhos. Já Neil Marshall, diretor cult sem nada decente na carreira, resolveu abandonar tudo de bom dos filmes anteriores e deixa de legado um herói birrento, parceiros sem carisma e criaturas que parecem devaneios inspirados em genitais deformados, chegando ao ridículo de um diabo gritar: “você só vê minha natureza interna demoníaca”. Raso e desnecessário.
Nada se salva do filme, enfadonho, longo, narrativa pobre, atuações pífias, efeitos sem propósito. Ao final, tudo que o espectador deseja é correr para achar os filmes originais e tirar o gosto ruim que ficou.