O editor e diretor de televisão Zeca de Castro – que trabalhou 30 anos na TV Globo como funcionário e também como prestador de serviços foi a uma delegacia policial e denunciou o entretenimento da emissora sob acusação de plágio. Segundo o boletim de ocorrência registrado e o termo de declaração prestado pelo diretor em sede policial, o programa The Voice teria inserido em seu formato diversas narrativas e recursos televisivos contidos em dois projetos do profissional que foram levados a pessoas da casa: o PraisinGod (Louvação) e o The Choice (A escolha). Após o projeto ter sido apresentado para produtores da Globo, Zeca conta que todos os formatos do The Voice (Kids, adultos e Mais) plagiaram as ideias contidas no roteiro dos seus projetos.
De acordo com o documento de termo de declaração que este colunista teve acesso exclusivo, o registro policial foi realizado dia 26 de janeiro. O boletim informa que Zeca – diretor de cinema e vídeo – criou duas obras audiovisuais: The Choice (A Escolha) e o PraisinGod (Louvação), ambas escritas no ano de 2019 e devidamente registradas na Biblioteca Nacional.
Zeca conta que logo após o registro entrou em contato com o diretor de fotografia da emissora à época, Ricardo Fujii, que lhe apresentou a Carla Affonso, que é produtora do The Voice e Ceo da empresa Cygmas Media. Ele conta no boletim de ocorrência que apresentou o projeto The Choice para Carla, que trabalharia também com a atendente comercial da empresa Cygma Paula Barbizan.
Zeca afirma por meio do seu Termo de Declaração prestado às autoridades que encontrou pessoalmente após conversas pelo WhatsApp com Paulo Barbizan, uma vez que teria sido informado a ele que havia interesse pelo projeto, ocasião em que ele teria passado todo projeto. o documento também aponta que Zeca teria apresentado o projeto para outro funcionário da empresa chamado Paulo Marques. Ele afirma que depois desse encontro, no ano de 2020, o reality musical The Voice plagiou todas suas ideias repassadas à equipe da produtora do programa, e que tudo que passou a ter nas edições após 2020 – quando entregou seu projeto – nunca foi feito nas edições anteriores.
Segundo o diretor Zeca de Castro, um dos plágios identificados nas novas edições foi relativa ao sistema de votação. Nos programas anteriores disputavam três participantes e um técnico escolhia um. Depois as batalhas passaram a ser com quatro participantes, quando o técnico escolhia um e o público escolhia outro participante para prosseguir no programa.
Ainda de acordo com Zeca de Castro, outro plágio que teria sido copiado do seu projeto foi a inserção da história do candidato e da sua família. Ele narrou às autoridades que também houve uma mudança na relação do jurado; sua vida pessoal ficara mais exposta e as perguntas que passaram a ser feitas pelos jurados foram cópias das perguntas formuladas nos roteiros dos seus programas.
Entre as provas juntadas por Zeca constam pelo menos 47 evidências de cópias da sua obra. Ele conta ainda que nunca viu em nenhum outro programa do mesmo formato as inovações apresentadas, e por isso também entrou em contato com outros produtores do programa, mas nunca houve qualquer retorno. Zeca informou à polícia irá ingressar também com uma ação civil contra emissora e que diversas notificações extrajudiciais já foram encaminhadas a TV Globo, mas que o único retorno foi uma ligação questionando o assunto de forma “extremamente deselegante”.