Pela primeira vez, o principal jornal da Globo, o Jornal Nacional, mencionou o inquérito de desobediência a uma decisão judicial que foi praticado pelos jornalistas Renata Vasconcellos e William Bonner. O assunto foi abordado durante a edição da última sexta-feira, 19. A investigação teve início após uma notícia-crime realizada pelo senador Flavio Bolsonaro, primogênito do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), à Polícia Civil.
De acordo com Flávio, envolvido no escândalo de corrupção das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, afirmou que Bonner e Vasconcelos noticiaram informações envolvendo o caso mesmo após a proibição da Justiça de exibir ou citar dados sigilosos sobre o assunto. Diante disso, em dezembro de 2020, os âncoras do JN chegaram, inclusive, a ser intimados a depor sobre o caso.
Há um mês a juíza Maria Tereza Donatti, do 4º Juizado Especial Criminal do Rio, decidiu por encerrar o inquérito, isso na intenção de restaurar e resguardar o livre exercício da imprensa. Mesmo envolvendo o principal telejornal da emissora, durante quatro meses a Globo manteve a briga jurídica com discrição, por isso, até então o JN ainda não havia abordado o assunto.
Na sexta-feira, o JN aproveitou uma notícia envolvendo outro filho do presidente para manifestar-se a favor dos jornalistas. Ao falar sobre Carlos Bolsonaro, que denunciou o youtuber Felipe Neto, por chamar o presidente de genocida, a emissora mencionou o inquérito contra William Bonner e Renata Vasconcellos.
O repórter Helter Duarte afirmou que o MP (Ministério Público) determinou que o processo contra os apresentadores fosse arquivado, isso por considerar o mesmo “sem fundamento” porque, neste caso, “a liberdade de informação” deve prevalecer. Na matéria, o influenciador Felipe Neto também surgiu para se defender e também os âncoras do JN.
Neto diz que deve ser considerado que o mesmo delegado acabou instaurando uma investigação ilegal contra ele, mesmo termo utilizado pela juíza, pelo crime contra a Segurança Nacional. E não foi só isso, o influenciador ainda diz que este mesmo delegado, no ano passado, chegou a indicia-lo por corrupção de menores, isso sem ter realizado nenhum tipo de investigação antes.
Diante disso, ele relembra que também foi este mesmo delegado que instaurou o inquérito contra Bonner e Renata, ressaltando que todos os pedidos citados por ele foram realizados pelos filhos do presidente Bolsonaro ou por políticos ligados ao chefe do Executivo.