Bridgerton é sucesso imediato por misturar elementos

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‘Bridgerton’ virou a série queridinha logo em sua estreia e, embora tenha um apelo inegavelmente feminino por diversas razões, era quase impossível fugir dos memes e referências à serie, então, melhor se juntar logo a ela, afinal, belas paisagens, linda fotografia e uma trilha sonora genial que transformou sucessos das rádios em música de época, como o hit ‘Blinding Lights’ interpretado de forma instrumental à base de violões celo e violinos.

‘Bridgerton’ é o nome da família da protagonista, Daphne, que nada mais é do que uma mistura entre a personagem de 50 tons de cinza, Anastasia, em sua inocência virginal, e qualquer personagem de Jane Austen, evocando assim uma protagonista feminina que pensa, luta e, ainda assim, é doce e meiga. E de outro lado, a figura mais proeminente é a do Duque, motivo de suspiros recentes, novamente lembrando as esquisitices de um certo ‘Sr. Grey’ com uma honra de cavaleiro medieval. A trama girando em torno da vida da alta sociedade Londrina em seus idos de 1800 e guaraná com rolha.

Mas não se trata de qualquer obra de época, não senhor. Se trata de mais uma das criações de Shonda Rhymes, aquela que ao lado de Ryan Murphy, seja a mais autoral das showrunners da atualidade. Mulher negra orgulhosa, Shonda sempre projeta em seus shows uma mulher com essa característica, como Miranda Bailey, em ‘Grey´s Anatomy‘, a professora Keaton, em ‘How to Get Away With Murder‘, e agora a tia do formoso duque. Ou seja, Shonda projeta um Londres na qual a alta sociedade é mista entre brancos e negros, verdadeira Wakanda inglesa. E o resultado não poderia ser mais espetacular.

Bebendo de outras fontes, é notória também a presença de uma tal Lady Whistledown, narradora fantasma, responsável por endereçar todos os boatos da côrte através de seu folhetim, aguardado ansiosamente e colecionado pelas damas da sociedade. Inegável que essa Lady, cuja real identidade seja identificada ao final da primeira temporada, ainda que fosse meio óbvia, foi baseada na narradora de ‘Gossip Girl’, sendo nesse caso a ‘Gossip Lady’. E essa mistura de elementos evoca um sucesso parecido com ‘Anne with an E‘.

A série, honrando as tradições de Shonda, traz ainda uma cena bem polêmica, que discute a questão do consentimento, em uma ótica bem improvável e inédita e talvez esse fato seja um bom resumo da primeira temporada. No que pese ser de época, a releitura inclusiva de Shonda, elogiada pela própria autora, faz da obra atual não somente em suas polêmicas, mas em sua completude, e embora faça donzelas suspirarem também tem tudo para agradar os atuais cavaleiros em suas armaduras brilhantes.