Este colunista teve acesso à íntegra do boletim de ocorrência feito nesta tarde (14) pela atriz e modelo Duda Reis, contra o ex-noivo e funkeiro Nego do Borel. Entre os delitos apontados no documento estão lesão corporal, estupro de vulnerável, ameaça, injúria e violência doméstica. Todos aparecem como fato consumado no boletim.
Duda relata, juntamente com sua advogada, que manteve um relacionamento de união estável com o cantor durante 9 meses, e vivendo juntos há 3 anos. Que no mês de fevereiro de 2018, durante o carnaval, iniciaram as agressões. Ela conta que nessa ocasião teve seus braços apertados resultando em marcas de agressões, e que sofreu ameaças com uma faca porque havia chegado mais tarde no dia anterior.
Neste dia ela teria ido ao sambódromo sem a aprovação do ex e que, a partir desta data, ele teria passado a humilhar a modelo com xingamentos e agressões físicas, que teriam sido testemunhadas por algumas pessoas. A modelo afirma que a partir desse dia as agressões se tornaram rotineiras.
Duda Reis narra outra ocasião, na Páscoa de 2018, e afirma que Nego do Borel teria a empurrado na frente dos amigos durante um evento de caridade (distribuição de ovos de páscoa na favela do Borel), no Rio de Janeiro, causando-lhe lesões nas costas. Que juntamente a isso, ocorreram xingamentos, humilhações e que o ex tentava se redimir das agressões causadas dizendo que ela “trazia o pior dele” (sic) e “que a culpa era dela”.
A atriz também relatou na delegacia que, após os episódios de agressões, passou a apresentar transtornos psíquicos e emocionais, desenvolvendo anorexia nervosa, bulimia, depressão e síndrome do pânico, diagnosticado por psicólogo e psiquiatra. Por esse motivo, passou a utilizar medicamentos em altas dosagens (Alprazolam”- 8 miligramas e “Lexapro”- 50 miligramas) e em doses muito maiores que as receitadas pelo psiquiatra para conseguir suportar a violência. Disse também que era incentivada pelo cantor a ingerir medicamentos, uma vez que ele dizia que “ela deveria ficar calma e descansada para não saber a hora que o mesmo voltava dos shows e das saídas noturnas”.
Na sequência, Duda conta que em agosto de 2018, em uma viagem de 20 dias a Portugal com o namorado, permaneceu dopada de medicamentos com o incentivo dele – a dose indicada pelo médico era de 2 miligramas de Aprazolam, porém fez uso de 8 miligramas por dia), e que ele retornava dos shows e saídas noturnas e mantinha relações sexuais não consentidas por ela, que estava dopada, sempre dizendo para que ele não continuasse.
Duda contou também que durante a mesma viagem, ele um dia a forçou a acompanhá-lo em um show, mas que, perante a recusa, usou da sua força e a empurrou em direção a um armário do recinto onde estavam hospedados, caindo sobre o solo, resultando em lesões nas costas e pernas. Segundo a atriz, mesmo machucada, ainda foi obrigada a acompanha-lo ao show.
A jovem narrou à polícia que durante o percurso implorava para sair do veículo e retornar ao hotel e que, ao parar o veículo, Nego do Borel a forçou sair, mas que a vítima não saiu e a equipe que estava com ele o impediu que a abandonasse em local deserto. Ela disse ainda que o ex-noivo dizia constantemente que “todas as crises psicológicas e emocionais eram “bobagens”, mas mesmo assim a incentivava a se dopar com os medicamentos”.
Ameaças de morte após estupro
Outro fato redigido no boletim de ocorrência aconteceu em outubro de 2019, na casa do cantor, durante uma crise de ciúmes. De acordo com a modelo ele a agrediu com pontapés na perna e arrebentou a “cabeçadas” a porta do local. Disse ainda que eram corriqueiros os danos a objetos da residência durante as crises de ciúmes e que ele dizia sempre que quebraria os objetos para não ter que quebrar a cara dela.
Duda diz que eram comuns as ameaças de morte e que Nego do Borel também falava que bateria propositalmente o carro com eles dentro e se mataria. Ela afirmou que ele acelerava o veículo em direção a postes e desviava, deixando a vítima em pânico. Disse ainda que o fanqueiro teve esse comportamento diversas vezes.
Numa outra situação descrita no documento, a atriz conta que, em novembro de 2019. teve um churrasco na residência do cantor – que estava sob influência de álcool e drogas – e que ela novamente foi ameaça por ele, desta vez com uma faca, dizendo que iria matá-la. Segundo Duda, a ameaça ocorreu por motivo de ciúmes. Ela afirmou nessa hora que também nunca usou entorpecentes ou álcool.
A atriz continuou o relato dizendo que se recorda que, durante o relacionamento, começou a usar quantidades maiores dos medicamentos já mencionados e que durante uma discussão ele dizia que era para ela sair do seu campo de visão para não “a comer na porrada” (sic), e que afirmava ainda que “a culpa disso tudo é sua e sinto ódio absurdo quando olho pra sua cara”. Além disso teria dito: “você é louca, piranha, vai se foder”.
A modelo contou à inspetora que sempre teve muito medo, pois Nego do Borel chegou a ameaçar a expor fotos em redes sociais e informações íntimas dela com o intuito de acabar com a sua carreira. Isso porque ele já fotografou a atriz nua e possui vídeos de atos sexuais que teriam praticado. Ela contou que sente medo de que o autor divulgue os vídeos e fotos, expondo-a negativamente.
Período da pandemia, fuzil e milhões em casa
Já no período da pandemia, Duda Reis narrou que fazia terapia
online e que ele não permitia que ela realizasse as sessões a sós com a terapeuta. Alegaria, segundo ela, que entre eles “não poderiam ter segredos“, nem falar sobre ele ou a vida pessoal deles para ninguém. Ela contou ainda que a família não aprovava o relacionamento do casal e insista pelo término, e que o histórico de violência entre casal vazou na mídia, e que por esse motivo Nego passou a forçá-la a gravar um vídeo negando que tivesse sido vítima de violência, e que neste momento ele a encarou enquanto gravava o vídeo. Mas ela relata que nas imagens aparece dopada e manipulada por ele.
Duda Reis também diz no documento que Nego do Borel determinava que ela rompesse o relacionamento com a família e amigos, e que ameaçava o pai, a mãe a sua irmã dizendo que a ela deveria ficar quieta se quisesse o bem da família. Ela contou que ele dizia que a briga era de “cachorro grande” e que eles iriam acabar mortos, ou ele mesmo os mataria.
Duda disse teme por sua integridade física, pois Nego do Borel presenciava chamadas de vídeo para presidiários. Ela confessou que foi traída diversas vezes por ele sem que soubesse e que, inclusive, contraiu HPV do autor. Afirmou ainda que só possuía até então um parceiro sexual antes dele e que recentemente a mídia divulgou que ele engravidou uma mulher, ou seja, que manteve relação sexual com outras mulheres.
Duda finalizou seu depoimento dizendo que em dezembro fr 2020 descobriu constantes traições por parte dele e que passou a temer pela sua vida e de seus familiares após diversos abusos, principalmente depois que descobriu em casa uma arma fuzil e um cofre com 2 milhões de reais em espécie. Ainda de acordo com a modelo, após o término do relacionamento, em janeiro de 2021, já residindo em São Paulo, passou a receber várias ligações com ameaças para que reatassem o relacionamento, pois ela estaria correndo risco de vida brincando com cachorro grande.
A partir dai ela conta que intensificou a terapia e resolveu cortar contato com ele, bloqueando-o em todas as redes sociais e telefone. Duda narra que após descobrir as traições, resolveu vir a público para contar aos fãs sobre a violência que vinha sofrendo e apenas algumas horas depois, após o pronunciamento, seus familiares receberam telefonemas de uma escrivã do Rio de janeiro procurando ela para esclarecimentos na delegacia sobre supostos crimes de difamação pela divulgação de episódios de violência na Internet.
A atriz encerrou dizendo mais uma vez que teme pela sua vida e de seus familiares, e teme também que o cantor efetive as ameaças e divulgue imagens, vídeos e informações da sua vida íntima nas redes sociais. Ela contou que, após o termino do relacionamento, recebeu ameaças do funkeiro, que divulgaria áudios entre ela e uma amiga que poderiam gerar prejuízos em sua carreira e imagem pública.
Duda disse ainda que em nenhuma das agressões físicas sofridas passou por atendimento médico, e que em decorrência do lapso do tempo decorrido das lesões corporais, deixou-se de expedir exame de corpo de delito.