Após a Bela e a Fera, coube a Alladin a missão de continuar a missão da Disney de fazer releituras de seus desenhos clássicos, conversando com uma nova geração e mantendo seu legado, seus produtos licenciados e seus parques sempre atuais. E coube à Guy Rithcie a tarefa de fazer essa adaptação.
Alladin gerou certa desconfiança ao ser anunciado, afinal embora relevante, não era um desenho tão importante do rol dos clássicos da Disney, especialmente para estrear poucos meses antes do esperado Rei Leão. Contudo, essa desconfiança foi superada, em grande parte à espetacular performance de Will Smith enquanto gênio da lâmpada, sucedendo o gigante Robin Willians, que foi o dublador do gênio, que reza a lenda tinha sido escrito sob medida para ele. Não era uma tarefa fácil. Smith conseguiu trazer todas as nuances do gênio: a megalomania, a solidão, o humor sempre constante e um certo ceticismo esperançoso na condição e no coração humano. Rouba a cena, com os efeitos especiais desenhados sob medida, o que permitiu um tapete mágico que lembra a capa do Dr. Estranho e um macaquinho Abu cheio de expressões.
Embora o filme seja carregado por Smith, os protagonistas novatos que interpretam Alladin e Jasmine estão bem, com um destaque para a desenvoltura de Alladin e para a bela voz e presença de Jasmine. O único ator que realmente parece sem graça e não consegue convencer é o intérprete de Jafar, pois até seu papagaio parece mais interessante que ele, carregando o nome de Iago, o conselheiro maldoso que envenena os ouvidos de Otelo na obra de Shakespere. Outra coisa interessante a notar é o afago que a Disney faz para a Índia, com atores de origem indiana, para não mencionar a expressão “baba” (pai em Hindu), as danças e coreografias de forte influência de Bollywood (a indústria cinematográfica indiana) e até mesmo os pós coloridos no céu, como no festival das cores, Holi, ou os fogos do Dwali.
Por sua vez a fictícia Agrabah remete a uma versão de Istambul, com suas vielas e torres de todos os tamanhos, fazendo os cenários conversarem com o enredo com perfeição. Aliás, o enredo toma algumas liberdades ao adaptar a animação, mas acerta a mão: todas as liberdades não ofuscam a história principal e fazem do todo mais harmônico e atual, evidenciando o belíssimo trabalho realizado por Guy Ritchie e sua equipe.
Com o ritmo rápido que marca os filmes de Rithcie, perfeito para conversar com uma geração acostumada pela forma Marvel de fazer filmes, Alladin consegue respeitar a história de forma a agradar aos fãs tradicionais, com belas interpretações das músicas originais, protagonistas que convencem e uma série de novos produtos e shows engatilhados para fazer a roda girar. Pura magia Disney, em todos os sentidos.