Nos últimos 10 anos temos visto diversas redes de televisão e estúdios de cinema apostarem alto em refilmagens de clássicos. Reboots tanto de filmes quanto de séries como Star Trek (2009), Havaí 5-0 (2010), Carrie, A Estranha (2013), MacGyver (2016), S.W.A.T. (2017) e IT: A Coisa (2017). Alguns bons, outros nem tanto (sem comentários para MacGyver ou Magnum P.I.!), mas há bastante material para aproveitar.
Nessa onda, foi lançado em Abril nos EUA (disponível no serviço de streaming da CBS – CBS All Access), mais um revival da aclamada série ‘The Twilight Zone’, que no Brasil ficou conhecida como ‘Além da Imaginação’. Criada em 1959, a série original teve 5 temporadas e 156 episódios, com roteiros e narração de Rod Serling, sendo uma das séries de televisão com maior impacto na cultura pop, especialmente no que se refere à ficção científica, suspense ou fantasia. Abordando diversos temas, como viagem no tempo, paranormalidade, distopia, a série sempre se manteve na vanguarda.
Com um revival em 1985 (3 temporadas) e um terceiro revival em 2002 (1 temporada), mais um filme em 1983 e um filme para a televisão em 1994; a série sempre buscou trazer o melhor para os espectadores, com nomes como John Landis, Steven Spielberg e Wes Craven (direção), George R. R. Martin (roteiro), e ainda participação de Charles Bronson, Robert Duvall, Leonard Nimoy, Robert Redford, William Shatner, George Takei, Bruce Willis, Morgan Freeman, Fred Savage e Forest Whitaker. Além disso, muitos dos roteiros eram adaptações de contos de Ray Bradbury, Arthur C. Clarke e Stephen King.
A nova releitura de ‘Twilight Zone’ é produzida e narrada por Jordan Peele, produtor de Corra! (Run) e Nós (Us), e conta com 10 episódios na primeira temporada, já renovada para uma segunda temporada.
Seus primeiros episódios – The Comedian (um comediante que deve arcar com os efeitos de incluir partes de sua vida pessoal em suas piadas), Nightmare at 30,000 Feet (um jornalista descobre um podcast que conta a história de como o avião no qual ele está irá desaparecer), Replay (uma mãe que precisa levar o filho para o primeiro dia de aula na universidade) e A Traveler (um homem misterioso que aparece dentro de uma cela em uma delegacia do Alaska) – são interessantes, apesar de terem seus altos e baixos. A preocupação é em não deixar a série cair na crítica rasa, na televisão de “justiça social” (na pior definição do termo).
E qual o veredito? Ainda não há como cravar, mas a perspectiva é positiva. Há bastante material para ser utilizado, ainda mais em uma série que sempre se notabilizou por tratar de algumas das mais profundas questões da modernidade, como racismo, guerra, macarthismo, fascismo, solidão, padrões de beleza e traumas pessoais, nunca deixando a ficção científica cair em um escapismo vazio, mas sempre servindo como pano de fundo para questões filosóficas e morais.
Então aperte os cintos, pois você está viajando por uma outra dimensão, não apenas de imagens e sons, mas de pensamentos… você está indo Além da Imaginação.
Resenha escrita em conjunto com o autor Fernando Racy Markunas.