O cantor Lindomar Castilho, conhecido popularmente como o “Rei do Bolero”, faleceu na última sexta-feira (19), aos 85 anos. O artista, que residia em um apartamento em Goiânia, enfrentava um quadro de saúde delicado há cerca de uma década após ser diagnosticado com Parkinson.
A família não divulgou a causa específica do óbito. Lindomar construiu uma carreira de destaque na música popular brasileira, especialmente nas décadas de 1970 e 1980, interpretando canções românticas que alcançaram o topo das paradas de sucesso em todo o país.
Entre as obras mais conhecidas de sua discografia estão faixas como “Você É Doida Demais” e “Eu Amo a Sua Mãe”, esta última utilizada posteriormente como tema de abertura da série “Os Normais”, da TV Globo. Nascido em Rio Verde, no interior de Goiás, em 1940, ele chegou a atuar como escrivão de polícia antes de se dedicar integralmente à vida artística. O velório foi programado para ocorrer no Cemitério Santana, na capital goiana, reunindo familiares e pessoas próximas para as últimas despedidas.
Trajetória marcada por crime contra mulher em 1981
A biografia do músico ficou permanentemente marcada por um episódio trágico ocorrido em 30 de março de 1981. Na ocasião, Lindomar tirou a vida de sua ex-esposa, Eliane de Grammont, que tinha 26 anos, durante uma apresentação dela no estabelecimento Belle Époque, em São Paulo.
Segundo registros, a vítima interpretava a canção “João e Maria” quando foi atingida por disparos. O crime, motivado por ciúmes, levou o cantor a ser julgado e condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em 1984. Ele cumpriu pena em regime fechado até 1986, progrediu para o semiaberto e obteve liberdade total em 1996.

A confirmação do falecimento foi realizada pela filha do casal, Lili De Grammont, por meio de uma publicação nas redes sociais. Em um texto reflexivo, ela abordou a complexidade da relação familiar e a dor da perda. Lili escreveu: “O que te faz ser quem você é? As palavras não são suficientes para explicar o que estou sentindo! Só sinto uma humanidade imensa, sinto o tanto que estamos nesta terra para evoluir. Sinto o poder das coisas que verdadeiramente importam”. Ela também mencionou o desejo de que a masculinidade do pai tenha sido transformada.
Declaração da filha sobre o passado familiar
Ainda na mensagem divulgada, a filha comentou sobre as consequências dos atos do pai e o impacto disso na estrutura familiar. Lili De Grammont afirmou: “Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira”. O violonista Carlos Randall, primo de Lindomar que também foi ferido na ocasião do crime contra Eliane, chegou a declarar em entrevistas que precisou de tempo para se recompor após o ocorrido.
