O dia 7 de dezembro marca o 42º aniversário de um evento que impactou a classe artística mexicana: o falecimento da atriz Fanny Cano. Considerada um dos grandes ícones das telenovelas entre as décadas de 1960 e 1970, a artista teve sua trajetória interrompida aos 39 anos em decorrência de um grave desastre aéreo ocorrido no aeroporto de Madrid-Barajas, na Espanha.
O episódio, registrado em 1983, envolveu uma colisão entre duas aeronaves na pista de decolagem e resultou na perda de dezenas de vidas, incluindo a da protagonista da primeira versão da novela Rubi.
As circunstâncias do acidente foram marcadas por condições climáticas adversas e falhas de comunicação e sinalização. Naquela manhã de visibilidade reduzida devido a uma espessa neblina, Fanny Cano embarcou no voo 350 da Iberia, operado por um Boeing 727, que tinha como destino o aeroporto de Roma-Fiumicino. Simultaneamente, um DC-9 da companhia Aviaco, que seguiria para Santander, ingressou equivocadamente na mesma pista sem a devida autorização, devido à dificuldade de visualização e sinalização precária do aeródromo.
O choque aconteceu no momento em que o Boeing iniciava a aceleração para a decolagem. A tripulação tentou elevar a aeronave para evitar o impacto, mas não obteve a velocidade necessária a tempo, resultando na colisão da cauda do 727 contra o DC-9, o que provocou explosões e incêndio em ambos os aviões.
Dinâmica do acidente na Espanha
O saldo final do desastre contabilizou o falecimento de 93 pessoas. Todas as 42 pessoas a bordo do DC-9 perderam a vida, somadas a outras 51 vítimas que estavam no Boeing da Iberia. Entre os passageiros que faleceram estava o filósofo espanhol José María Cagigal.
Fanny Cano viajava com o objetivo de encontrar sua irmã e uma sobrinha em Roma, de onde partiriam posteriormente para uma viagem planejada à Índia. A confirmação do falecimento da atriz gerou repercussão imediata no México, onde ela havia consolidado uma carreira de sucesso na televisão e no cinema, sendo reconhecida tanto pelo talento dramático quanto pela elegância.
Nascida em Huetamo de Núñez, em Michoacán, no dia 28 de fevereiro de 1944, Fanny Cano Damián construiu uma base acadêmica na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) antes de ingressar nas artes cênicas. Sua estreia nos palcos ocorreu em 1961 com a peça Baby Doll, após realizar um curso de atuação. No ano seguinte, iniciou sua trajetória no cinema com o filme El cielo y la tierra, ganhando maior projeção em 1963 ao atuar em Entrega inmediata. Contudo, foi na televisão que sua imagem se eternizou, protagonizando obras de grande audiência como La mentira (1965), Yesenia (1970), Muñeca (1974) e a aclamada versão de 1968 de Rubí.
Trajetória artística e legado
Além de sua atuação frente às câmeras, Fanny Cano expandiu suas atividades para a produção cinematográfica, fundando uma produtora em parceria com a colega Julissa. Na vida pessoal, a atriz casou-se em 1980 com Sergio Luis Cano, mantendo seu sobrenome artístico.
Após os trâmites legais na Espanha, os restos mortais da artista foram repatriados para a Cidade do México. O sepultamento ocorreu no Panteón Jardín, em uma cripta pertencente à Associação Nacional de Atores (ANDA), local que guarda a memória de diversas personalidades da cultura mexicana. O acidente em Barajas permanece registrado como um dos momentos mais complexos da aviação civil espanhola e encerrou a carreira de uma figura central da dramaturgia latina.
