Sandra Regina Ruiz Gomes, conhecida publicamente como Sandrão, iniciou um processo judicial contra a Amazon em decorrência da exibição da série “Tremembé”, lançada no mês passado na plataforma de streaming da empresa.
A ação, que foi distribuída para a 1ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, solicita uma indenização no valor de R$ 3 milhões. A defesa da autora pleiteia reparação por danos morais, direitos de imagem e alega excessos no exercício da liberdade de expressão por parte da produtora, argumentando que a obra audiovisual distorce fatos relacionados à sua biografia e conduta.
Nos documentos apresentados ao Tribunal de Justiça de São Paulo, a ex-detenta contesta a narrativa ficcional que a descreve como a mentora intelectual do crime pelo qual cumpre pena. Um dos pontos centrais da reclamação refere-se a uma cena específica em que sua personagem entrega uma arma a um menor de idade para a execução do delito, fato que ela nega ter ocorrido na realidade. Sandra sustenta que sua participação no episódio envolveu coação e ameaças contra sua integridade física, diferentemente da liderança ativa retratada pela multinacional na série.
Impactos na rotina e alegações da defesa
Atualmente cumprindo pena em regime semiaberto desde 2015, Sandra afirma que a repercussão da obra trouxe consequências severas para sua tentativa de reconstrução pessoal em Mogi das Cruzes. Segundo os autos, ela voltou a ser alvo de hostilidades e represálias na cidade. O texto da ação destaca o isolamento forçado da autora diante da situação: “Desde a estreia da produção, a autora não consegue sair de casa e teve seu direito cerceado”. Além disso, ela argumenta que soube do lançamento apenas pela imprensa e não autorizou o uso de sua imagem para a produção da série.
A Amazon havia montado uma equipe jurídica preventiva durante o desenvolvimento do roteiro para mitigar riscos de processos, com atenção especial a outras figuras retratadas, como Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga. Contudo, a ação movida por Sandrão marca o primeiro litígio formal envolvendo uma personagem da obra. Até o momento, a empresa não apresentou defesa nos autos e, ao ser procurada para comentar o caso, informou que não se manifesta sobre ações judiciais em andamento.
Detalhes sobre o crime e condenação
O episódio que motivou a condenação de Sandra ocorreu em 2005, envolvendo o sequestro e o falecimento de um adolescente de 14 anos. A vítima teve a vida tirada com um disparo, mesmo após a família ter comunicado possuir apenas parte do valor exigido para o resgate. A sentença original de Sandra foi de 27 anos, posteriormente reduzida para 24 anos em recurso. A defesa reitera que as ligações feitas por ela à família da vítima ocorreram sob ameaça, contradizendo a versão de comando apresentada na ficção da Amazon.
