A Globo surpreendeu o público ao exibir o que muitos consideram o maior erro do remake de Vale Tudo, uma novela que perdeu parte de sua força ao tentar se modernizar demais. Mesmo escrita em 1988, a trama original permanecia atual, refletindo dilemas éticos e sociais que ainda fazem sentido agora.
Entretanto, ao buscar tornar a novela das nove mais “conectada” e adaptada à era digital, a emissora acabou sacrificando o impacto e a profundidade que transformaram o folhetim em um marco da teledramaturgia brasileira. Diante disso, erros absurdos foram levados ao ar em nome do engajamento social.
Falhas em Vale Tudo
Segundo Giulianna Muneratto, é inegável que a nova versão trouxe avanços, especialmente na representatividade do elenco, com atores negros ocupando papéis centrais e uma diversidade maior de personagens. Porém, essa inclusão não se converteu em protagonismo real.
A personagem Raquel, vivida por Taís Araujo, que deveria ser o eixo da história, acabou perdendo espaço e destaque, algo que decepcionou os fãs e críticos. Assim, a representatividade ficou restrita ao campo simbólico, sem força narrativa. O remake também transportou a crítica à busca por status e poder para o universo das redes sociais.
Personagens agora se preocupam com curtidas e seguidores, mas o excesso de merchandising e integração de marcas foi apontado pelo público como um ponto fraco. Além disso, o ritmo acelerado e as frases curtas — como “vi as red flags”, dita por Fátima (Bella Campos) — substituíram os longos diálogos e a carga emocional que caracterizavam o original.
Temas atualizados na novela das nove da Globo
Outro ponto controverso foi a reinterpretação de personagens icônicos, como Odete Roitman (Debora Bloch), e as mudanças nos desfechos clássicos. A estratégia de manter segredo sobre o final aumentou o engajamento nas redes, mas dividiu opiniões entre os telespectadores mais nostálgicos.
No fim, Vale Tudo acertou ao atualizar temas e ampliar vozes, mas tropeçou na tentativa de equilibrar modernidade e densidade dramática. A nova versão dialoga com o presente, mas não alcança o mesmo impacto cultural e emocional que consagrou o original como um dos maiores clássicos da televisão brasileira.
