É por esse motivo que somente César pode ter sido o autor do disparo que matou Odete em Vale Tudo

Análise da sequência de imagens diz claramente que o ex-modelo cometeu o crime.

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Os telespectadores que estão acompanhando a novela Vale Tudo testemunharão nos próximos capítulos o aprofundamento da investigação sobre o assassinato de Odete Roitman (Débora Bloch) — e, com ele, uma nova polêmica entre o público e os críticos de novela.

Uma análise detalhada da sequência exibida pela Globo, que mostrou o delegado Mauro (Cláudio Jaborandy) e sua equipe analisando as imagens de segurança do Copacabana Palace, levantou uma conclusão incômoda: se a edição exibida realmente seguiu a ordem cronológica das gravações, o único culpado possível seria César (Cauã Reymond).

Alguém abriu para Marco Aurélio entrar

Segundo Carla Bittencourt, colunista do Portal Leo Dias, a lógica que sustenta essa hipótese é simples, mas devastadora para o mistério do “quem matou Odete Roitman?”. As cenas mostradas na delegacia exibem os investigadores assistindo às imagens das câmeras de segurança do hotel, organizadas em sequência temporal. No vídeo, o público vê Marco Aurélio (Alexandre Nero) entrando no quarto da vilã sem uma chave — o que indica que alguém precisou abrir a porta para ele.

Como nenhuma outra pessoa é mostrada saindo do quarto em seguida, a única explicação é que a própria Odete ainda estava viva e o deixou entrar. Pouco depois, César aparece entrando no quarto com uma chave, e, segundo a montagem da investigação, é o último a ser visto no local antes do crime.

A lógica que aponta para César

Se a novela seguir fielmente essa cronologia, César é o único que reúne todos os elementos técnicos e circunstanciais para ser o assassino. Ele foi o último a entrar, tinha acesso à chave do quarto e poderia ter trancado a porta por dentro após o disparo — o que explicaria o estado do quarto quando a perícia chegou. Além disso, há uma evidência que parece funcionar como uma confissão velada: logo após a morte de Odete, o personagem é visto dizendo a Olavo (Ricardo Teodoro) que “precisa se livrar desse flagrante”, referindo-se à arma do crime. A frase, dita em tom nervoso, praticamente confirma sua presença no local e o envolvimento direto na tentativa de ocultar provas.

Essa interpretação ganhou ainda mais força por conta de uma cena exibida dias antes, na qual Marco Aurélio aparece montando uma arma com um silenciador, enquanto explica o acessório a Leila (Carolina Dieckmann). Pouco depois, porém, ele guarda a arma sem o silenciador e sai do quarto — algo que foi interpretado como um erro de continuidade. O tiro que matou Odete foi claramente ouvido e mostrado sem o supressor, o que enfraquece a possibilidade de Marco Aurélio ter disparado o tiro fatal.

O labirinto de incoerências

Esses elementos colocam a trama em uma situação delicada. Para inocentar César, a novela teria de recorrer a recursos narrativos questionáveis, como manipulação das imagens de segurança, erro proposital na cronologia dos vídeos ou até a hipótese de corrupção dos investigadores, que poderiam ter adulterado as provas. São soluções de bastidores pouco elegantes e que, se adotadas, poderiam comprometer a verossimilhança de uma das maiores tramas de mistério da teledramaturgia.

Outros furos também chamaram a atenção dos espectadores. Um deles é o segundo furo de bala na parede do quarto, identificado antes mesmo do disparo que matou a vilã. A perfuração, no mesmo ponto em que Odete seria atingida minutos depois, levantou duas possibilidades: ou houve mais de um tiro — o que indicaria dois atiradores —, ou trata-se de um erro de gravação. Caso seja a segunda opção, seria um deslize de continuidade grave em uma cena que deveria ser a mais precisa de toda a produção.

Maria de Fátima e o erro fatal

Outra inconsistência narrativa apontada é a de Maria de Fátima (Bella Campos), que, em desespero, joga a arma do crime no mar de Copacabana. O gesto, que parecia demonstrar culpa, na verdade elimina a única prova capaz de inocentá-la. Se ela tivesse guardado a arma, um confronto balístico provaria se o disparo fatal saiu ou não de seu revólver. Ao se desfazer do objeto, ela se colocou na posição de principal suspeita sem nenhuma defesa técnica possível.

Uma novela refém da própria lógica

Com tantas peças no tabuleiro, Vale Tudo parece ter se encurralado em sua própria construção narrativa. A edição das imagens, o comportamento dos personagens e os detalhes técnicos da cena do crime formam uma estrutura coerente que aponta unicamente para César como o assassino. Qualquer outro desfecho exigirá um “golpe de roteiro” — uma reviravolta tão improvável que poderá colocar em xeque a coerência do remake.

Nem mesmo a teoria de que Odete estaria viva, hipótese levantada por parte do público e até por colunistas especializados, parece fácil de sustentar. Afinal, o corpo da empresária foi removido do hotel por um rabecão, encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), reconhecido por familiares e submetido à autópsia. Para que a farsa funcionasse, seria necessário o envolvimento de um médico legista, investigadores, bombeiros, peritos e até da funerária — algo difícil de justificar até mesmo dentro da ficção.