Com mais de 130 capítulos exibidos, Dona de Mim enfrenta um desafio narrativo que afeta diretamente a posição de Leo (Clara Moneke) como protagonista. Embora Rosane Svartman e sua equipe tenham construído uma galeria de vilões, nenhum deles se tornou um antagonista direto da mocinha.
Sem um rival claro para enfrentar, a ex-babá acaba perdendo espaço e propósito dentro da trama, funcionando muitas vezes apenas como espectadora dos dramas alheios. Esse problema estrutural impede que Clara Moneke tenha o destaque merecido como a mocinha da novela das sete da Globo.
Falha estrutural de Dona de Mim
Conforme Luciano Guaraldo, do Notícias da TV, o público reconhece Jaques (Marcello Novaes) como o grande vilão da novela das sete da Globo. Ele já demonstrou crueldade ao assassinar o próprio irmão, planejar interditar a mãe e até manipular Filipa (Cláudia Abreu), apesar do afeto que dizia sentir por ela.
O problema é que, apesar da maldade evidente, Jaques não tem Leo como alvo principal, o que enfraquece o embate clássico entre heroína e antagonista. Seu foco está na Boaz e em repetir o estilo de vida de Abel (Tony Ramos), deixando a protagonista à margem.
Na vida amorosa, Leo também não encontrou conflitos significativos. O noivado com Samuel (Juan Paiva) ficou restrito a lembranças, o romance com Davi (Rafael Vitti) não se desenvolveu, e a relação com Marlon (Humberto Moraes) perdeu força. O único obstáculo concreto segue sendo a disputa pela guarda de Sofia (Elis Cabral), já que a menina é o centro de sua vida.
Mocinha tem papel de coadjuvante em algumas cenas
Curiosamente, a mocinha acabou se tornando apoio emocional para Kami (Giovanna Lancellotti), sobretudo após os traumas vividos pela ruiva. Enquanto isso, seus supostos rivais — como Katinha (Lenita Oliver), Vanderson (Armando Babaioff) e Ricardo (Marcos Pasquim) — pouco interferiram em sua trajetória.
Até mesmo o retorno de Bárbara (Giovana Cordeiro), que prometia abalar o coração de Leo, não trouxe grandes repercussões. Apesar disso, Clara Moneke imprime autenticidade ao papel, fugindo do estereótipo da mocinha sofredora.
