Anne Perry, consagrada mundialmente na literatura policial com mais de 40 títulos publicados, guardou por décadas um segredo sombrio da juventude. Em 1954, aos 15 anos, quando ainda era Juliet Marion Hulme, ela participou do assassinato de Honora Parker, mãe de sua amiga Pauline, na Nova Zelândia. Condenada pelo crime, cumpriu cinco anos de prisão antes de reconstruir sua vida sob nova identidade na Escócia, onde se consolidou como uma das autoras mais lidas do gênero.
Apesar da gravidade do caso, Juliet e Pauline escaparam da pena de morte por serem menores de idade. Hulme foi enviada a uma prisão feminina, passando meses em isolamento antes de ganhar liberdade. Ao sair, mudou legalmente de nome para Anne Perry, afastou-se do passado e iniciou uma carreira literária que, com o tempo, conquistaria reconhecimento internacional e milhões de exemplares vendidos.
Revelação com o filme Almas Gêmeas
Por quase quarenta anos, a ligação entre a escritora e o crime permaneceu desconhecida do grande público. Essa barreira caiu nos anos 1990, com a estreia de Almas Gêmeas, longa de Peter Jackson estrelado por Kate Winslet. Na época, um jornalista revelou que a trama se baseava na história real de Perry. A autora admitiu o impacto da exposição, afirmando que toda a sua luta para ser vista como um “membro decente da sociedade” parecia ameaçada.
Mesmo com a revelação, Anne Perry seguiu reconhecida pela literatura policial. Produziu séries históricas e romances de época que figuraram em listas de mais vendidos, mantendo forte presença editorial até sua morte em 2023, aos 84 anos, enquanto se recuperava de um ataque cardíaco. Ainda assim, parte do noticiário continuou a associar sua obra ao crime da juventude.
O plano das adolescentes
Registros do julgamento indicam que o assassinato foi premeditado. O objetivo era impedir que as jovens fossem separadas, já que os pais de Juliet planejavam enviá-la para viver na África do Sul. Honora foi atacada com um tijolo envolto em uma meia-calça, recebendo cerca de 20 golpes. Diários apreendidos detalharam o plano, reforçando a participação ativa de Pauline Parker. Décadas depois, o caso inspirou o filme que trouxe à tona o elo entre Juliet Hulme e Anne Perry, perpetuando a dualidade entre a renomada autora e a adolescente marcada por um crime brutal.
