Na reta final do remake de Vale Tudo, a rivalidade entre Marco Aurélio (Alexandre Nero) e Odete Roitman (Debora Bloch) ganha contornos que desafiam a coerência narrativa.
O vilão, que já deveria estar completamente desmoralizado por seus crimes financeiros, aparece agora como uma ameaça direta ao poder da empresária na TCA, sustentado apenas por acusações difamatórias. Esse caminho adotado pela trama causa estranhamento e abre espaço para questionamentos do público.
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Segundo Márcia Pereira, do Notícias da TV, a decisão da autora Manuela Dias e de sua equipe de roteiristas desperta dúvidas sobre a consistência da história. O enredo, ao privilegiar intrigas e disputas de poder, deixa de lado elementos que poderiam reforçar a lógica da novela. O resultado é uma narrativa que, em certos momentos, parece sacrificar coerência em favor de situações que buscam apenas manter o ritmo da tensão dramática.
Um ponto central nessa inconsistência é o relatório produzido por Afonso (Humberto Carrão). Antes de se afastar da TCA, o personagem deixou registrado um desvio de R$ 54 milhões cometido por Marco Aurélio ao longo de mais de uma década. Esse documento, capaz de derrubar qualquer executivo de prestígio, simplesmente desaparece da discussão, como se não tivesse valor dentro da disputa societária.
Em vez de enfrentar as consequências de seus crimes, Marco Aurélio surge exigindo maior participação nos lucros. A postura do vilão ignora seu histórico de desvios, enquanto Odete, acionista majoritária que fortaleceu a empresa e comprou as ações de Afonso, parece perder força diante de fofocas e reportagens sobre sua vida pessoal.
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Dessa forma, a novela dá ao público a sensação de que um funcionário pode roubar, se livrar de qualquer punição e ainda reivindicar mais poder. Ao ignorar provas sólidas contra Marco Aurélio, o remake de Vale Tudo transforma a disputa pelo comando da TCA em um embate artificial e pouco equilibrado.
