É por isso que a Globo cortou de Vale Tudo a personagem que ajuda Poliana dando uma bela lição de moral

Trama de Poliana foi completamente modificada no remake assinado por Manuela Dias.

PUBLICIDADE

Os telespectadores mais atentos que estão acompanhando a novela Vale Tudo já puderam notar que uma personagem simbólica da primeira versão ficou de fora do remake: Dona Pequenina, interpretada originalmente por Lourdes Mayer (1922-1998).

A decisão de cortar a figura, que cumpria um papel metalinguístico no desfecho da trama de 1988/1989, reflete as mudanças estruturais promovidas por Manuela Dias na adaptação.

Quem era a Dona Pequenina?

Na versão original, Dona Pequenina se mudava para a vila dos personagens pobres junto da neta Íris (Cristina Galvão). A jovem passava a trabalhar na TCA e se tornava par romântico de Poliana (Pedro Paulo Rangel). Foi justamente no último capítulo que a avó protagonizou uma cena memorável: enquanto fazia as unhas da neta, aconselhou-a a aceitar o pedido de casamento, mesmo que Poliana não fosse o “príncipe encantado” com quem Íris sonhava.

A fala de Dona Pequenina servia como recado direto ao público. Ao afirmar que “esses amores de revista, você acompanha nas novelas de televisão”, a personagem traduzia o espírito realista da obra de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Era um lembrete de que a vida prática nem sempre corresponde às fantasias, mas que a ficção cumpre o papel de alimentar esses sonhos.

Trama de Poliana foi alterada

O remake, segundo Walter Felix, colunista do Na Telinha, optou por deixar essa figura de fora. Sem Íris e sua trajetória, o núcleo da vila foi reduzido e reconfigurado, priorizando outras histórias. Essa ausência também elimina a bela lição que Dona Pequenina deu no encerramento, substituindo-a por novas tramas inéditas que buscam atualizar a novela para 2025.

Vale lembrar que, no final original, enquanto Íris aceitava se casar com Poliana, a própria Maria de Fátima (Gloria Pires) era quem vivia o conto de fadas: ao lado de César (Carlos Alberto Riccelli), reaparecia envolvida com um príncipe europeu. Dessa forma, o texto original equilibrava a crítica realista com uma pitada de fantasia.

Já o Poliana do remake, vive uma nova trama: ele é assexual e se envolve romanticamente com Marieta (Cacá Ottoni), que também se diz assexual.

Com a exclusão de Dona Pequenina, o remake mantém a tradição de mudanças criativas, reforçando que Manuela Dias pretende dar seu tom pessoal à adaptação — ainda que isso implique abrir mão de momentos icônicos que marcaram a história da teledramaturgia.