Os telespectadores que estão acompanhando a novela Vale Tudo testemunharão nos próximos capítulos um cenário que começa a afastar Leila (Carolina Dieckmann) como possível assassina de Odete Roitman (Débora Bloch).
No remake, pequenas mudanças no perfil da personagem sugerem que ela dificilmente repetirá o destino que teve na primeira versão da trama, exibida em 1988 e 1989 na Globo.
Atual Leila é mais romântica e menos ambiciosa
Diferente da Leila original, que trazia um lado mais infeliz e frustrado com sua vida de classe média — e uma certa ambição que a tornava capaz de atos impulsivos —, a Leila de Carolina Dieckmann ganha contornos mais românticos. Na releitura de Manuela Dias, ela é uma mulher em busca de um relacionamento que preencha seus vazios emocionais e resolva seus conflitos afetivos. Após uma decepção amorosa com Renato (João Vicente de Castro), Leila encontra uma inesperada felicidade ao lado de Marco Aurélio (Alexandre Nero), numa relação que, para o público, vem sendo desenvolvida como um verdadeiro romance.
Já na versão original, vivida por Cássia Kis, Leila parecia mais seduzida pelo status e o poder que Marco Aurélio (então interpretado por Reginaldo Faria) representava. Embora não fosse uma vilã declarada, sua ambição e insatisfação eram perceptíveis. O envolvimento posterior de Marco Aurélio com Maria de Fátima (Glória Pires), e a descoberta das traições, acabaram sendo as motivações para que ela cometesse o crime por engano — ao tentar matar a rival e, no fim, atingir Odete.
No remake, Marco Aurélio foi humanizado: apesar de corrupto e preconceituoso, é mostrado com laços de afeto, principalmente em relação à sobrinha Sarita (Luara Telles), e o romance com Leila é mostrado como genuíno. Por isso, o caminho da personagem segue muito mais próximo de uma mocinha romântica do que de uma mulher em vias de cometer um assassinato por desespero. A recepção nas redes sociais também reflete isso: há uma torcida visível para que Leila conquiste sua paz sentimental.
Manuela Dias quer um novo assassino para o remake
Segundo Walter Felix, colunista do Na Telinha, outro fator que pesa contra a repetição do mesmo desfecho é a escolha de Carolina Dieckmann para o papel. Na biografia Gilberto Braga: O Balzac da Globo, Artur Xexéo e Maurício Stycer revelaram que, na versão original, a decisão de colocar Leila como a assassina foi baseada em uma conversa entre o autor e o diretor Dennis Carvalho. Perguntado quem teria mais “cara de louca” no elenco, Gilberto Braga teria escolhido Cássia Kis. No atual remake, a construção da personagem de Carolina Dieckmann segue outro registro.
Além disso, Manuela Dias já declarou em entrevistas que pretende surpreender o público com uma nova solução para o mistério da morte de Odete, o que reforça a ideia de que Leila não deve ser a assassina nesta nova versão da trama. O suspense continua, e a novela promete reinventar um dos maiores “quem matou?” da história da teledramaturgia brasileira.
