Há 54 anos, a TV Globo do Rio de Janeiro exibia O Homem Que Deve Morrer, uma novela de Janete Clair que, infelizmente, se tornou uma mídia perdida atualmente. Transmitida entre 1971 e 1972, a produção sofreu com a censura da ditadura militar e, tragicamente, teve dois atores envolvidos em um acidente de gravação.
A trama, protagonizada por Tarcísio Meira (como Ciro Valdez) e Glória Menezes (como Ester), explorava temas como o espiritismo e o racismo. Na história, o personagem de Meira, com seus dons mediúnicos, utilizava o coração de um jovem negro para salvar o racista Otto Müller, interpretado por Jardel Filho.
Sucessora de Irmãos Coragem
O Homem Que Deve Morrer sucedeu Irmãos Coragem, um dos grandes sucessos da Globo, e contou com 20 atores do elenco da novela anterior, conforme relatado por Nilson Xavier no site Teledramaturgia.
Durante a gravação de uma cena em estúdio que simulava minas de carvão, os atores Tarcísio Meira e Carlos Eduardo Dolabella foram acidentalmente soterrados. Nilson Xavier recorda que, em meio à complexidade dos efeitos especiais e detalhes técnicos da sequência, a equipe de produção acabou se esquecendo dos atores no local. Felizmente, ambos saíram ilesos do incidente.
Atores soterrados, mas salvos
Xavier recorda que, devido ao regime da ditadura militar no Brasil, os primeiros rascunhos de uma obra, compreendendo cerca de dez capítulos, foram completamente censurados por causa do seu conteúdo temático. A autora concebeu o personagem Ciro Valdez como uma representação alegórica de Cristo. Ele era visto como uma figura quase santa em sua cidade natal, devido à crença de que sua mãe, Orjana (interpretada por Neuza Amaral), era virgem. A verdadeira intenção da autora, Janete Clair, era explorar o conceito de hímen complacente, uma condição em que a membrana não se rompe durante a primeira relação sexual. No entanto, essa abordagem foi vetada pelo governo autoritário da época.
