O humorista Léo Lins se manifestou publicamente após ser condenado a oito anos de prisão por piadas feitas em um show de stand-up em 2022. Durante uma live no YouTube, o comediante alegou que suas falas fazem parte de uma persona cômica e não devem ser interpretadas literalmente. Ele reforçou a diferença entre o personagem apresentado no palco e sua identidade real, Leonardo Lins.
Lins criticou duramente a sentença da juíza Barbara de Lima Iseppi, da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Segundo ele, a decisão ignorou o caráter artístico da apresentação. Em tom irônico, usou uma metáfora com um jacaré para ilustrar o que chamou de interpretação equivocada da magistrada. Ele classificou a postura da Justiça como uma limitação cognitiva grave.
Liberdade de expressão em risco?
O humorista também questionou o fato de o show estar disponível no YouTube ser usado como agravante. Para ele, isso abre um precedente perigoso contra a liberdade de expressão artística. Em sua visão, a decisão pode influenciar negativamente outros comediantes e criadores que trabalham com conteúdo provocativo.
Durante a live, Léo Lins argumentou que não pode ser responsabilizado por atos de terceiros. Segundo ele, piadas com hipérboles e ironias fazem parte do gênero humorístico e não devem ser analisadas de forma literal. Ele afirmou que “o cômico interpreta personagens” e que a análise do conteúdo precisa considerar o contexto do espetáculo.
Impacto da sentença
Ao encerrar, Lins demonstrou preocupação com os efeitos da decisão judicial sobre a sociedade. Para ele, há uma crescente incapacidade de interpretação racional. O comediante alertou que, ao concordar com a sentença, o público estaria aceitando que o Estado defina os limites do humor. A defesa de Léo Lins informou que irá recorrer da condenação, que inclui crimes relacionados à pessoa com deficiência e racismo.