Ford versus Ferrari conta fantástica história automobilística

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Ford versus Ferrari é um daqueles filmes que o público em geral não faz a menor ideia do que se trata e que depois passa a fazer um grande sentido, tipo a oportunidade de conhecer uma história que vale a pena mas que de outro modo seguiria desconhecida. Na trama do filme, por conta de uma desavença comercial, a Ford resolve construir um carro de corrida para vencer a Ferrari, durante a década de 60, e para isso conta com o ex-piloto Carrol Shellby. 

Quem vê o trailer, logo se depara com um filme de corrida que na verdade não é sobre corrida, e na qual a corrida é apenas o pano de fundo para uma disputa (ou várias) de poder, sendo um filme com muito mais lições corporativas do que automobilísticas, e que a parte documentário (afinal são todas figuras reais) acaba sendo um agrado muito bem vindo ao filme, lembrando nesse sentido Moneyball. Ter a chance de ver Enzo Ferrari, Henry Ford II, Shellby Carrol, Ken Miles e McLaren juntos acaba atiçando a curiosidade de quem não é assim tão fã da velocidade, e certamente é um deleite para os fãs do automobilismo esportivo.

Em tela, apesar da longa duração, o filme se desenvolve muito bem, tanto por conta de um roteiro fidedigno à realidade, como pelas ótimas atuações de Matt Damon como Shellby, Christian Bale como o injustiçado piloto Ken Miles e da interessante atuação de John Bernthal como um executivo de marketing da Ford – sim, ele não mata ninguém e ainda consegue se sair bem. Quem diria? Vale muito o destaque para a versatilidade de Bale (além da semelhança física impressionante), sempre muito diferente papel a papel, e que embora o filme seja de Ford e Ferrari, claramente poderia se chamar Shellby e Miles. 

É muito interessante ver como uma rixa de uma empresa que inventou a linha de produção acaba esbarrando no DNA de quem era apaixonado por velocidade acima de qualquer coisa, e dessa rixa, que nada mais é do que dois homens de grandes egos medindo seu poder que surgem criações fantásticas, como o Ford GT-40 que acaba sendo um carro revolucionário para a época, além de eternizar Shellby como um grande engenheiro automobilístico, responsável por carros como Shellby Cobra e Mustang Cobra, referência clara ao carro dirigido por Miles, com quem tinha uma afinidade ímpar. Postumamente, Miles ganha seu espaço no rol da fama dos corredores, sendo atenuada uma injustiça histórica. Grandes homens sempre ficam pelo caminho dos poderosos.

Ganhador do Oscar de melhor edição de som, o filme foi um dos indicados para a categoria principal, ainda que não tenha nem a cara nem fosse um filme impactante a ponto de levar a estatueta mais cobiçada, apesar do grande trabalho de James Mangold à frente do filme. Mesmo não sendo merecedor, certamente é um grande filme, daqueles que merecem ser vistos, por contar de forma precisa uma história que merecia ser conhecida.