Quando a princesa Diana surgiu no tapete vermelho do Festival de Cannes em 1987, ao lado do então príncipe Charles, não foi apenas a realeza britânica que chamou a atenção dos fotógrafos, mas também a escolha elegante e simbólica do seu traje. Vestida com um deslumbrante modelo azul-claro assinado por Catherine Walker, Diana fez mais do que apenas brilhar diante dos holofotes: ela prestou uma homenagem sutil, mas poderosa, a uma figura que marcou profundamente sua vida e que havia falecido anos antes — a Princesa Grace de Mônaco. O mais impressionante é que, anos mais tarde, Diana enfrentaria o mesmo destino trágico da mulher que inspirou seu visual: a morte em um acidente de carro.
A breve visita de Diana e Charles ao festival teve duração de apenas 10 horas, com uma agenda focada em apoiar o cinema britânico. Durante o evento, o casal real assistiu à exibição do filme As Baleias de Agosto, protagonizado por Bette Davis, e encerrou a noite em um jantar de gala. Pouco depois, embarcaram de volta a Londres. Mas apesar da curta passagem, o impacto visual e simbólico de Diana naquele dia se eternizou — muito por conta de seu vestido. O modelo em tule azul, com decote tomara-que-caia, era complementado por um lenço esvoaçante de chiffon da mesma tonalidade, que se movia com o vento da Riviera Francesa, criando uma imagem cinematográfica e poética que marcou a memória coletiva da época.
Uma homenagem a Grace Kelly
A escolha de Diana não foi por acaso. O visual fazia referência direta a Grace Kelly, atriz hollywoodiana que se tornou Princesa de Mônaco após se casar com o Príncipe Rainier III. Foi em Cannes, curiosamente, que Grace conheceu seu futuro marido, em abril de 1955. O vestido usado por Diana foi inspirado em um modelo usado por Grace no filme Ladrão de Casaca, dirigido por Alfred Hitchcock e ambientado na própria Riviera Francesa. A peça original, desenhada por Edith Head, apresentava um tom frio de azul, pensado para a personagem sofisticada e elegante de Grace — e essa mesma aura foi incorporada por Diana em sua releitura moderna.
Catherine Walker, estilista de confiança da princesa, capturou essa essência com perfeição. O resultado foi um dos visuais mais emblemáticos da trajetória de Diana, que se transformou em ícone de estilo e sensibilidade. O toque final veio com os acessórios: brincos de diamantes em tons de água-marinha, uma pulseira combinando e sapatos azul-bebê. Cada detalhe ajudava a contar uma história de reverência, inspiração e delicadeza.

Um presságio trágico
O que torna esse momento ainda mais impactante é a conexão com o destino de Grace Kelly. Assim como a princesa de Mônaco, Diana também teve sua vida interrompida de forma abrupta em um acidente de carro, dez anos após o festival. Esse paralelo fortaleceu a imagem daquele vestido como um símbolo silencioso de ligação entre duas figuras da realeza que, além de elegância e carisma, compartilharam tragédias semelhantes. O momento em Cannes, embora planejado para promover o cinema britânico, acabou eternizado como um dos registros mais marcantes — e, para muitos, proféticos — da trajetória de Diana.
