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Globo abrevia o sofrimento de Raquel e cena humilhante é cortada de Vale Tudo: ‘Meio deficiente’

A personagem de Taís Araújo não fará um teste de emprego, como foi feito pela Raquel de 1988.

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Os telespectadores que estão acompanhando a novela Vale Tudo testemunharão nos próximos capítulos a virada de Raquel (Taís Araujo), que decidirá permanecer no Rio de Janeiro para recomeçar a vida com dignidade — ainda que sem o apoio da filha, Maria de Fátima (Bella Campos).

Em comparação à versão original de 1988, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, a autora Manuela Dias optou por agilizar a transformação da protagonista, pulando uma etapa que antes havia servido para ilustrar suas dificuldades com escolaridade e inserção no mercado de trabalho formal.

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Cena do teste de datilografia em Vale Tudo

Na primeira exibição da novela, Raquel — então interpretada por Regina Duarte — buscava emprego em um jornal decadente, levada por Bartolomeu (Cláudio Corrêa e Castro), mas não passava no teste de datilografia por cometer muitos erros. A cena, exibida no 12º capítulo de 1988, era um retrato da precariedade enfrentada por muitas mulheres de sua geração, sem acesso à educação formal ou qualificação profissional. “Sua datilografia é meio deficiente, e a ortografia nem se fala”, dizia o chefe de redação, frustrando a expectativa da personagem.

Agora, no remake, Manuela Dias atualizou o contexto. Bartolomeu, vivido por Luís Melo, já não é mais um homem com estabilidade no mercado. Ele também enfrenta o desemprego e o peso do etarismo, o que impossibilita qualquer indicação para Raquel. A mudança, além de sintonizar a história com a realidade contemporânea, serve para acelerar o enredo. Em vez de tentar uma vaga frustrada no mercado editorial, a protagonista já vai direto ao ponto: usa seu talento na cozinha para montar um isopor com sanduíches naturais e começa a vendê-los na praia.

Raquel passa a vender sanduíches na praia

A iniciativa marca uma virada simbólica e emocional. Depois de ser humilhada por Fátima, que além de vender a casa onde viviam ainda fingirá não reconhecer a mãe ao vê-la vendendo sanduíches, Raquel encontra no empreendedorismo uma forma de reconquistar sua dignidade e escrever sua própria história. O impulso para essa mudança virá de uma conversa sincera com Bartolomeu, que apesar de não poder ajudá-la diretamente, será quem a incentivará a olhar para o próprio talento como caminho viável de sobrevivência.

O reencontro entre mãe e filha, aliás, promete ser um dos momentos mais marcantes da semana. Assim como em 1988, Fátima fingirá que Raquel é uma desconhecida e, pior, ainda sugerirá à amiga Solange (Alice Wegmann) que dê uma gorjeta para a ambulante. Raquel, digna, responderá que não precisa de esmola, pois tem braços, pernas e fé para trabalhar — uma fala que ecoa diretamente da primeira versão da trama.

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