Inesperada, Freud surpreende com misticismo e terapia

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Sigmund Freud, tido como o pai da psicanálise, sempre foi uma figura polêmica e controversa, então não foi nenhuma surpresa quando a série da Netflix causou alvoroço e logo se tornou objeto de curiosidade de muitos. 

Freud é uma história de origem, e conta quem era Freud antes de ser Sigmund Freud. O que ninguém poderia esperar era que a história de Freud e a criação da psicanálise separada da psiquiatria se daria no mesmo contexto da origem do espiritismo, quase como um ancestral comum, e os livros de história hão de dizer o que é verdade e o que é liberdade poética, mas a verdade é que Freud precisa ter vindo de algum lugar, e o seriado conta um início tão bom quanto qualquer outro. 

No seriado, Freud é um médico judeu, não tão convicto, recém formado, e que busca por meio de técnicas de hipnose que nem ele acreditava, algum reconhecimento, para poder ganhar a aprovação necessária e se casar com sua noiva Martha. Só que no meio da sua encenação, ele acaba se deparando com algo real e muito profundo que acaba por definir sua vida e carreira. 

O cenário de fundo de Viena durante o império austro-húngaro coloca Freud em uma cenário em ebulição social, trabalhando em um hospital psiquiátrico antiquado, e lutando pela aprovação de sua família super tradicional, até que se vê envolvido em uma sessão espírita e uma médium que lhe abre novos mundos, a ponto de lhe levar ao palácio de Schonbrunn e ao imperador. 

A trama é envolvente e inesperada, nada do que se esperaria de uma monótona origem de Freud, mas sim algo tipo House duzentos anos antes. Sua trama fica ainda mais rica ao envolver o inspetor de polícia Kiss e o policial Poschauser, sua governanta, e acima de tudo Fleur Salomé, a vidente que serve de lastro para a trama de toda a série, desde o lado policial à ascensão de Freud enquanto psicoterapeuta. 

Freud não é nada daquilo que se espera, e ainda assim consegue superar as expectativas, mostrando a trajetória do homem antes de se tornar o mito, de forma poética e incisiva, com destaque para o último episódio, no qual os diálogos e as transições de cena mostram da melhor maneira possível o quanto a psique e a experiência humana formam caleidoscópios das quais surgem as mais ricas imagens e experiências. Freud dificilmente terá continuação, mas certamente a primeira temporada já valeu muito a pena.