A Casa de Papel tem quarto capítulo intenso, chocante e ousado

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O seriado A Casa de Papel se tornou um hit desde o primeiro momento, sendo esperado para cada renovação, e não poderia ser diferente dessa quarta parte. Diferente da maioria das séries, que tem arcos trabalhados e encerrados por temporada, ainda que tenham uma história maior. A Casa de Papel não. Termina e começa onde quer, e está tudo bem. Bella Ciao, curiosamente, só apresentada ao final do último episódio, que obviamente interrompe a história em um momento crítico. 

A quarta parte retoma os atracadores em seu segundo roubo, no Banco de Espanha, logo após o tiro sofrido por Nairóbi, uma das personagens mais amadas e mais representativas dos assaltantes mais queridos do mundo. Retoma e logo em seguida entra nos flashbacks só para manter a tensão.

Mas parece que algo mudou nesse quarto capítulo. A série se tornou mais intimista, com momentos de pura poesia e lirismo, entregando cenas que não são apenas visualmente bonitas e estilizadas, mas realmente tocantes. A facilidade com a qual a direção dilui os choques da narrativa com humor, nostalgia e mesmo sequencias de ação de tirar o fôlego é impressionante, e ocorre de modo flúido e orgânico.

A narrativa, por sua vez, parece evoluir e conseguiu minimizar os momentos tediosos, talvez por contar com personagens já maduros, sem deixar de incluir algumas surpresas em personagens novos e antigos. Afinal, as sacadas do Professor são fundamentais para o sucesso do enredo e não poderiam ficar de fora.

Mas muito além do professor, a série engenhosamente traz de volta o finado Berlim, em flashbacks com o também psicopata Palermo e outros da gangue. Mas a grande surpresa fica por conta de Tokyo, que passa a assumir papéis de liderança, para incredulidade do público.

Lágrimas e risos correm igualmente soltos, vez que a série, sem perder sua essência, abraça a ideia de que esse não é um conto de fadas e não terá final feliz, tomando decisões ousadas que podem pegar muito mal com o público cativo, mas que sob a ótica estritamente dramática confere um peso e maior veracidade à uma situação impossível. Bravo e que chegue logo o quinto capítulo.