A disputa pelo comando do grupo Marabraz, uma das maiores redes varejistas do Brasil, ganhou um novo capítulo na Justiça. Nasser Fares e Jamel Fares ingressaram com uma ação contra Abdul Fares e Nader Fares, respectivamente sobrinho e filho de Jamel, e também sobrinhos de Nasser. No centro do embate está o controle da LP Administradora de Bens, holding criada há 20 anos para gerenciar o vasto patrimônio comercial da família Fares, avaliado em R$ 6 bilhões.
A LP, que administra bens como aluguéis de imóveis e outros ativos, foi estruturada para proteger o patrimônio familiar. No entanto, as cotas da empresa foram transferidas à terceira geração da família, representada por Abdul e Nader. Caso percam o controle da holding, os dois jovens herdeiros, conhecidos por seus estilos de vida luxuosos, podem passar de bilionários a meros assalariados.
A juíza Andréa Galhardo Palma, da 2ª Vara de Competência Empresarial e de Conflitos relacionados à Arbitragem do Tribunal de Justiça de São Paulo, emitiu decisão favorável a Nasser e Jamel. Isso permite que os dois retomem o controle da LP, embora Abdul e Nader sigam à frente da administração até o desfecho do processo. Durante esse período, ambos poderão receber um pro labore, mas estão proibidos de dispor dos valores arrecadados pela empresa, incluindo aluguéis, ou de vender ações e propriedades.
Uma audiência de conciliação está marcada para o próximo dia 29 de janeiro, em São Paulo, mas a família Fares já antecipa que o conflito pode se estender por anos, ecoando intrigas familiares anteriores. O caso se assemelha a dramas de séries populares, com disputas de poder, acusações de traição e interesses financeiros se cruzando.
A origem do conflito
A rixa entre as gerações começou com a administração do Blue Group, empresa fundada por Abdul e Nader em 2014 para gerenciar o e-commerce da Marabraz. Em 2019, o grupo adquiriu a marca Mappin como canal de vendas online, mas o negócio resultou em prejuízos milionários, absorvidos pela Marabraz. A gestão problemática do Blue Group gerou insatisfação em Nasser, que passou a questionar a competência dos sobrinhos e a criticar seus gastos extravagantes.
Em resposta, Nasser decidiu cortar os aportes financeiros à nova empresa. Abdul, insatisfeito com o corte, teria tentado interditar o próprio pai, Jamel, numa manobra para herdar sua participação de 33% no grupo e fortalecer sua posição. A estratégia intensificou as divisões na família, que já enfrentara conflitos no passado, como a saída de Fábio Fares, primogênito da família, em 2004, em meio a acusações de traição e falsificação de documentos.
Estrutura do grupo
O grupo Marabraz, fundado por imigrantes libaneses após a Segunda Guerra Mundial, é um dos maiores conglomerados varejistas do país. Atualmente, a propriedade está dividida entre Jamel, Nasser e Adiel Fares, cada um com 33,33% das ações. Além do varejo, o grupo também investiu em infraestrutura, como o centro de distribuição em Cajamar, São Paulo, que custou mais de R$ 100 milhões e serve tanto as lojas físicas quanto parceiros de e-commerce.
A LP Administradora de Bens, peça-chave na disputa, foi criada em 2004 para proteger o patrimônio contra possíveis execuções fiscais. Originalmente administrada pelos irmãos mais velhos, passou a ser controlada pela terceira geração em 2011, marcando o início das tensões entre os membros da família.
Futuro incerto
A disputa judicial atual também reflete um conflito geracional. De um lado estão Abdul e Nader, representantes da nova geração. Abdul, noivo da atriz Marina Ruy Barbosa, e Nader, apontado como affair de Jade Picon, sustentam o controle da LP. Do outro, Jamel, sogro de Marina, e Nasser, tio dos dois jovens herdeiros, buscam retomar o comando.
Além dos aluguéis milionários arrecadados pelos galpões de Cajamar, que são ponto de discórdia, a briga também envolve a administração dos ativos do grupo. Nasser exige que os valores sejam repassados ao restante da família, enquanto os sobrinhos resistem. Apesar da audiência de conciliação marcada, o impasse pode perdurar, ampliando uma disputa familiar que já atravessa décadas.