Flash é uma aula de tudo de errado em um filme

Longa deixa clara a crise infinita nas terras da DCU e falha em tudo que se propõe

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A escalação de Ezra Miller como Flash nunca agradou os fãs, então o seu protagonismo foi mais uma herança maldita do que de fato uma escolha do Diretor Andy Muschietti. Fora isso, quase tudo pode entrar em sua conta.

Flash é terrível. A narrativa arrastada pega por base o quadrinho Flashpoint, mas mesmo tendo uma obra fantástica pronta, a adaptação para o cinema estraga uma história completa, ignora o vilão óbvio, traz personagens totalmente alheios ao mundo flash e aumenta ainda mais o destaque de um ator ruim em um personagem mal trabalhado. Nada funciona.

As tentativas de humor são falhas e só ficam atestando que Barry Allen é bobo, o que não podia ser mais diferente do histórico do personagem. E o pior, ele serve de muleta para Liga da Justiça, um herói de segundo nível. Sua fraqueza como personagem é tão destacada que o filme se sustenta em participações especiais, e a única coisa que vale no filme é matar as saudades do Batman de Michael Keaton, com direito à música tema e tudo.

Desde os filmes de Zack Sneider, a inspiração do Flash parecia uma tentativa mal sucedida de imitar o Homem Aranha de Tom Holland: jovem, inexperiente, tutorado por um mentor mais velho e por aí vai. Se parecia uma tentativa, não parece mais, virou certeza. Não bastasse a cópia barata da construção do personagem, a inspiração toda do filme se lastreia em Homem Aranha: Longe de Casa e Dr. Estranho 2. É muita falta de inspiração. Tanto que ao explicar o Flashpoint, o Batman pega Vingadores como ponto de partida. Triste ver a DC reduzida a mera cópia. 

E já que o filme vive de participações especiais, ponto de maior atração no longa, percebe-se uma busca pela afirmação de universo compartilhado, com citações e aparições dos principais membros da Liga da Justiça (tirando Henry Cavill, já sem contrato, mostrado de costas). Ao bagunçar a linha do tempo, aparece o Batkeaton, e no choque de realidades, começa o show de aparições, que inclui vários personagens antigos da TV, um Superman de Nicholas Cage e a polêmica utilização de CGI para trazer atores falecidos de volta aos seus papéis, como o eterno Christopher Reeve.  Mas o que mais chama a atenção é a ausência de Grant Gustin, o Flash do seriado de TV da mesma Warner, que inclusive recebeu o Ezra Miller em determinado ponto. Por quase 10 anos personificando o corredor escarlate, Gustin foi ignorado – puderam trazer quase 15 participações especiais, mas ignoraram a única que faria sentido. Homem Aranha conseguiu trazer Tobey de volta, mas a Warner não consegue o Gustin? Toda uma geração conhece ele como Flash, era o único que precisava estar. Certo fez Christian Bale ao negar sua volta como o melhor Batman de todos os tempos, deixando para o simpático Clooney reprisar seu fracasso.

Enfim, se Shazam e Adão Negro foram péssimos, eles tinham a desculpa de serem menos importantes, impactantes e conhecidos, o que não se pode dizer do Flash. E ao ver essa sequência de lançamentos, a demissão de Cavill, e as infinitas regravações de Acquaman 2, fica claro porque trocaram toda a equipe de liderança e trouxeram James Gunn para tentar dar um jeito na Detective Comics, já que o DCU fracassou miservalmente.

*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal