Ao longo dos anos, o mito de Chucky, o Brinquedo Assassino, de 1988, foi tendo diversas releituras, continuações e derivados. Sempre usando e abusando da mesma premissa abracadabra que prendia um demônio ao corpo do inocente boneco.
E ainda que alguma coisa tenha se salvado ao longo do caminho, ninguém queria mais saber de tanta volta em torno do mesmo enredo, razão pela qual o novo Brinquedo Assassino, do diretor Lars Klevberg, foi recebido com grande dose de descrença pelo público. Mas não deveria.
A Universal comprou a nova visão do cineasta quase estreante, que trocou a origem sobrenatural da versão original por uma origem tecnológica. Agora Chucky passa a ser um produto da inteligência artificial, produzido em condições precárias em países subdesenvolvidos antes de ser vendido a preço de ouro nos Estados Unidos (qualquer relação com a realidade é mera coincidência), e que por questões humanas tem seus protocolos de segurança desativados. E fica fácil ver a trama se desenrolando dentro daquilo que já se espera.
O interessante é notar que a atualização mostrou o quanto estava datada a obra original, e atraiu o público para uma percepção que norteia o imaginário popular, das máquinas se voltando contra os homens, que permeiam a sétima arte desde sempre. Sem precisar ser um T1000, um Chucky já vale uma atenção especial, vez que é muito mais crível um pequeno robô amigo das crianças com “learning machine” e uma certa curadoria de casa, do que um exterminador que viaja no tempo. Nem precisa de Black Mirror para imaginar isso.
Outro ponto de destaque são as atuações, boas para o que se pretende o filme, com um destaque que vai passar desapercebido por muitos.
A voz de Chucky é de Mark Hammil, eterno Luke Skywalker e dublador do Coringa em animações do Batman, o que dá um toque especial ao longa. Longe de ser uma obra prima, o remake resgata a história do brinquedo do mal e cumpre a função de assustar e entreter.