Higor Neves defende carta que pede revitalização do setor audiovisual

Em documento, profissionais da área falam em desmanche da atividade durante o governo anterior.

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A 26ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes terminou, no último fim de semana de janeiro, com um tom mais sério do que os eventos anteriores. Um fórum, realizado paralelamente à premiação de filmes nacionais, emitiu uma carta alegando que, durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro, houve desmonte do setor e, por isso, há a necessidade de o novo governo revitalizá-lo.

Assinada por 50 profissionais da área, a missiva é endereçada ao Ministério da Cultura, em especial à Secretaria do Audiovisual e à Agência Nacional do Cinema (Ancine), além dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

O produtor audiovisual e influencer Higor Neves reforça o coro de insatisfação manifestado na carta. Segundo ele, o setor, sem apoio do governo, quase quebrou nos últimos anos.

A necessidade de uma política de revitalização é urgente”, frisa. “São atividades muito ligadas à cultura. É tempo de valorizar a cultura nacional e os produtores do setor”, acrescenta.

Em trecho, a Carta de Tiradentes, como o documento foi intitulado, diz que “o Brasil conheceu um dos períodos mais obscuros e desafiadores de sua história”, referindo-se ao intervalo que vai do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, à invasão aos edifícios dos Três Poderes, realizada no dia 8 de janeiro deste ano.

E também redescobriu a força e a resiliência da sociedade civil organizada, particularmente das trabalhadoras e trabalhadores das artes, que mesmo imersos em uma guerra cultural absurda, alijados de políticas e programas de investimento do governo federal, resistiram à criminalização e ao desmonte perverso da máquina pública”, reforça a carta.

Nesse sentido, Neves ressalta que “não houve área do audiovisual” que passou imune à gestão Bolsonaro.

Todos os segmentos foram afetados, como a produção, a distribuição, a exibição, a preservação e até a formação de novos profissionais”, alega o influencer. “Os produtores independentes também não tiveram vida fácil, pois o acesso a recursos financeiros foi restringido”, afirma.

Desse modo, Neves, tal qual a carta, indica que o governo recém-empossado precisa resgatar a política audiovisual, citando a necessidade de aprovação do Marco Regulatório do Fomento à Cultura, encaminhar a regulação do streaming e restabelecer a Cota de Tela, a qual garante a exibição de produções independentes nacionais em salas de cinema.

Valorizar a cultura é valorizar o seu país e a sua história. O setor audiovisual é o principal mecanismo de massificação dos produtos culturais nacionais. Por isso, esperamos que o cenário mude e logo”, pontua o produtor audiovisual.