Coringa choca em seus acertos e poucos erros rumo ao Oscar

PUBLICIDADE

Uma das grandes apostas da Warner par 2019, Coringa trouxe Joaquim Phoenix no papel título, substituindo Jared Leto como o Palhaço do Crime. Com mais de duas horas, o longa é dirigido por Todd Phillips e tem o reforço de Robert De Niro no elenco. 

 O filme é incômodo, chocante, violento e visceral. E ao mesmo tempo chato, com ritmo arrastado. Aposta de alguns que o ritmo do filme é assim para trazer o público para o marasmo da existência de Arthur, uma pessoa com uma deficiência mental não esclarecida, que faz bicos de palhaço em eventos, além de cuidar da mãe idosa e ter o sonho de ser comediante de sucesso, se projetando no papel de um grande comediante famoso. 

O enredo não é lá essas coisas, mas é o pano de fundo suficiente para Joaquim Phoenix ter uma atuação glamurosa, sendo talvez a melhor de sua carreira, embalada por uma risada perturbadora e uma dancinha estranha. O melhor de tudo, é que ainda que seja datado de algumas décadas atrás, Coringa funciona muito bem como uma crítica social ferina e totalmente atual, demonstrando uma sociedade agonizante na qual o abismo social é maior do que nunca, a ponto de precisar de um doente mental para mostrar o quanto a sociedade está doente. 

Muito mais próximo do Coringa anárquico de Heath Ledger, Joaquim Phoneix sem dúvida nenhuma grava seu nome no roll de coringas memoráveis, ao lado de Cesar Romero, Heath Ledhger e Jack Nicholson: se Jared Leto faz um Coringa à la Scarface e Pacino, Phoenix resgata Taxi Driver e De Niro, de forma que a presença desse se dá muito mais como homenagem do que como necessidade.  

Mas nem tudo são risos (ou nada, na verdade). Coringa erra ao tentar linkar a história de origem do vilão à história do Batman. Compreensível. No ano em que Batman completa 80 anos, o apelo de se ligar ao Cruzado Mascarado foi mais forte do que Todd Phillips pode resistir. Mas nisso perdeu a sua chance de existir por sí só, e pior, fez feio com o legado do morcego, e ainda pior como conexão. Thomas Wayne é pintado como um burocrata e o jovem Bruce é um menino enquanto o Coringa tem seus 30 a 40 anos. Então quando Bruce chegar ao seu ápice aos 25, 30 anos, o Coringa será um idoso? Sentido zero, e a sensação de ficou uma conexão forçada e absolutamente desnecessária. 

Coringa vale enquanto filme, para que cada um possa ter sua análise, mas sua violência e crítica social parecem feitas para chocar mais do que para fazer bom cinema. Para a sorte do elenco, é o tipo de coisa que a Academia gosta de premiar com o Oscar, então não será nenhum espanto se filme, ator e diretor forem nomeados e até levarem a estatueta. Talvez a primeira vitória sobre a Marvel em quase 20 anos.