El Camino nada mais é que uma homenagem e uma chance de ver Aaron Paul brilhar

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Após mais de 6 anos do final da aclamada série Breaking Bad, o time original resolveu fazer um filme para contar o final de Jesse Pinkman após seu trágico resgate com o qual a série finaliza, e o filme foi batizado de El Camino, marca do carro dirigido pelo ator Aaron Paul no filme e também um belo trocadilho, visto que o filme fala da trajetória de Jesse após o final com Mr. White, ou se o público preferir, o caminho, nesse caso, de Jesse. 

O filme começa muito intenso, verdadeira continuação ao final da série. Como poderia se imaginar, Jesse está no modo fuga, desesperado e machucado, e procura os velhos amigos Skinny e Badger, em um momento de comoção para quem está assistindo, ao ver a reação do que seriam dois drogados inúteis. Essa intensidade do começo do filme está estampada na belíssima atuação de Aaron Paul, em seu melhor momento da carreira de longe. Sem Bryan Cranston, os holofotes são todos seus, e ele brilha.  

No caminho, Jesse precisa se reconciliar com velhos fantasmas e fazer as pazes com seu conturbado passado e com suas escolhas, tanto as boas como as inúmeras ruins, e o filme vai retomando e relembrando ao público, afinal alguns anos se passaram.

Esse serviço faz do filme mais palatável, embora a direção de Vicent Gilligan vai e volta algumas vezes, quebrando o ritmo e a intensidade que até então faziam do filme uma obra de tensão e engajamento dignos de um filme de suspense. Essa quebra mostra um desejo do criador de homenagear os personagens marcantes da trajetória que criou Heisenberg, assim são trazidos de volta, ainda que em flashbacks, personagens como Mike, Saul Goodman, Mr. White, Jane e o ator Robert Forster, fundamental no caminho de Pikman e que faleceu no dia do lançamento do filme, consolidando assim a bela carreira de mais de 100 filmes com direito a indicação ao Oscar. 

Certamente mais que um caça níqueis, visto que não foi lançado no cinema, El Camino é acima de tudo uma homenagem à uma grande história, e uma chance do segundo protagonista brilhar, livre da imensidão da sombra projetada por Bryan Cranston, o que ele faz com maestria, ainda que a narrativa termine gelada, tendo sido revelada pelo criador bem ao final de Breaking Bad em uma entrevista. No apagar das luzes, El Camino é uma nostálgica homenagem que não precisava ser contada, mas que todos os fãs vão dizer que ficaram felizes por ela ter existido de qualquer maneira.