ABBA sem dúvida é um fenômeno e gravou seu nome na indústria fonográfica. Seus integrantes conseguiram criar músicas que mais do que reproduzir o sentimento de um tempo, traziam em si a universalidade de suas mensagens, tratando sobre sentimentos como amor, sexo, amizade com bastante musicalidade e versatilidade. Não à toa, Mamma Mia, tanto a peça quanto o filme original foram um grande sucesso, trazendo um enredo amarrado e contado pelas músicas da banda sueca, e isso gerou muita ansiedade para o segundo ato.
Sophie resolve reinaugurar o hotel na bela ilha grega, o que traz de volta ao paraíso insular os atores do primeiro filme, sendo que boa parte da narrativa sobrepõe o segundo longa ao passado e origem dos personagens, mostrando uma Donna jovem, e seus três amores. Talvez ai esteja a falha fundamental do filme: achar uma jovem Meryl Strip não é uma missão das mais simples, e fato é que Lilly James, por mais esforçada que seja, não chega perto da musa, e pior, teve que fazer mais com muito menos material, pois todas as grandes canções do ABBA, ou ao menos as principais, foram devidamente exploradas no primeiro longa. Pior: ainda que seja uma competente atriz, Lilly não tem lá grandes talentos musicais (assim como outros jovens atores também não), e não soube conduzir o principal elemento narrativo de toda franquia: a paixão de Donna pelos “3 pais” de Sophie. Enquanto os filmes vendem a situação como verdadeiro amor simultâneo e plural, Lilly faz parecer tudo superficial e inconsequente. Sem julgamento, o fato é que se fosse algo tão passageiro, não sustentaria o apego dos 3 por Donna e Sophie passadas 3 décadas.
Outro ponto que derruba o longa é seu tom: enquanto o primeiro trazia em seu núcleo algo mais leve sobre os encontros e reencontros da vida, o segundo se perde em uma melancolia levemente gratuita, com erros de casting (Cher é uma deusa, mas seu tom de voz definitivamente não tem nada a ver com a sonoridade de ABBA) e pouco destaque para os atores que o público aprendeu a amar. Isso tudo somado à uma noção que maternidade tudo salva, tudo perdoa, tudo justifica, o que perdeu o tom da universalidade do primeiro e certamente descaracterizou a comédia.
Matar as saudades da belíssima ilha de Kalokairi, seus cenários paradisíacos e boas músicas justifica as quase duas horas de projeção, mas certamente muitos fãs do primeiro filme e da banda saíram achando que faltou algo.