O cineasta Fernando Grostein, irmão do apresentador Luciano Huck e proprietário da página Quebrando o Tabu nas redes sociais, abriu o coração em um forte desabafo para a revista Piauí. O rapaz expôs algumas das violências e traumas que sofreu, em razão de sua homossexualidade, incluindo dois abusos ao longo de sua vida.
Os relatos foram feitos para o jornalista João Batista Jr. e publicados no texto intitulado: Há Vários Modos de Matar um Gay. As primeiras agressões começaram ainda na escola, quando Fernando foi vítima de bullying, cometido pelos colegas de classe, após aparecer em uma reportagem de televisão, falando a respeito do cultivo de orquídeas. O cultivo teve início como forma de superar o luto, em razão do falecimento de seu pai, Mário de Andrade, vítima de um infarto fulminante.
O primeiro abuso ocorreu aos 14 anos, durante uma festa, quando Fernando foi segurado à força por um grupo de homens, os quais penetraram seu corpo com os dedos. Depois de ser vítima do crime, Fernando tentou mudar as suas características, forçando uma voz mais grossa e reprimindo a sua maneira de andar – tudo isso para não ser visto como um garoto homossexual. Até falas machistas e homofóbicas começaram a fazer parte de seu vocabulário, a fim de que a verdadeira identidade fosse escondida.
Na adolescência, quando completou os 17 anos, foi forçado por um grupo de amigos a ter relações íntimas com uma ex-capa da revista masculina, a Playboy. Aquela, inclusive, seria a sua primeira vez. “Foi quando perdi a virgindade, aos 17 anos. A homofobia pode ser tão cruel que é capaz de tirar o direito de a pessoa ter sua primeira relação sexual de maneira privada, com quem deseja e escolheu de verdade”, lamentou.
A segunda violência íntima da qual foi vítima aconteceu anos depois, quando havia completado os 28 anos. Neste ponto, Fernando não conteve a emoção e, abalado, pediu para não dar prosseguimento aos relatos. “Sobre este episódio não consigo falar ainda”, pontuou.