Após perder a filha Daniella Perez, em 1992, a autora Gloria Perez não pôde sequer vivenciar as etapas do luto, fundamental para qualquer pessoa quando perde um ente querido. Depois da tragédia, ela ainda precisou se manter atenta para evitar que os assassinos ficassem impunes. Uma semana depois do ocorrido, precisou retornar para escrever os capítulos da trama De Corpo e Alma, em que sua filha era a protagonista.
Convivendo com a dor da perda e a revolta, a dor física e a saúde mental totalmente abalada, ela ainda conseguiu reunir forças para ir em busca de testemunhas e provas contra os assassinos. Na maioria das vezes, ela estava sozinha, acompanhada pela vontade de fazer justiça e honrar a memória da filha.
Glória conta na série Pacto Brutal, da HBO MAX, que as coisas não foram nada fáceis, pois as pessoas se negaram a contar algum fato novo com medo de possíveis represálias. A autora chegou a receber ameaças, muita gente disse que ela deveria desistir, mas nada disso foi capaz de abatê-la. Ela seguiu em busca de justiça.
Gloria mobilizava a imprensa, conheceu outras mães que também tiveram seus filhos assassinados e ainda pressionou os legisladores para que os culpados fossem punidos legalmente.
Como se isso tudo não bastasse, Gloria ainda teve que enfrentar mais um momento difícil na sua vida: o túmulo de Daniella foi atacado por vândalos, com algumas tentativas de abrirem a sepultura.
A condenação de Guilherme de Pádua e Paula aconteceu cinco anos após a tragédia, mesmo não sendo o suficiente para evitar a dor da perda. Alguns anos depois, a autora sofreu outro baque: ela enterrou seu filho mais novo, Rafael, com vinte e cinco anos.
O rapaz havia nascido com uma síndrome rara que comprometeu o seu desenvolvimento mental, mas não conseguiu resistir às complicações de uma cirurgia de intestino.
Durante entrevista para a revista Quem, Gloria declarou sobre a perda dos dois filhos. “É impossível viver à parte disso, vivo com isso, com essa dor”. Ela também é mãe de Rodrigo, de 50 anos.