O triste caso da atriz Klara Castanho, que teve a sua vida íntima e pessoal dilacerada por colunistas e pessoas que se dizem jornalistas, se tornou conhecida em todo o país. A jovem de apenas 21 anos foi abusada, engravidou e entregou a criança para adoção, tudo de forma legal, seguindo à risca o que diz as leis brasileiras.
Em uma carta aberta, a atriz contou que não foi violentada apenas pelo homem que abusou dela, mas também por pessoas que a estão julgando. Diz ainda que a história se tornar pública não foi desejo dela, que teve o sigilo do seu atendimento médico e hospitalar vazados.
Caso Klara Castanho
Além de ter sua história vazada, provavelmente pela equipe hospitalar, a atriz contou que o médico que a atendeu não teve nenhuma empatia, a obrigando a ouvir o coração da criança, dizendo que 50% do DNA era dela e que ela seria obrigada a amar essa criança.
Especialistas comentam atendimento de Klara Castanho
O obstetra Jefferson Drezett Ferreira, que atou por mais de 35 anos no Hospital Pérola Byington, em São Paulo, que implementou e chefiou por mais de 20 anos o serviço de aborto legal no país, disse que não teve nenhum profissionalismo no atendimento recebido pela jovem.
De acordo com o especialista, o Ministério da Saúde recomenda que mulheres vítimas de abuso e que estejam grávidas, podem escolher ver ou não imagens e sons do ultrassom. A responsável pelo projeto Mapa Aborto Legal, Julia Rocha, considera criminosas as atitudes tomadas pelos profissionais de saúde que atenderam a jovem.
“Todas as condutas tomadas pelos profissionais de saúde a partir do acolhimento têm que ser de validar a experiência e as palavras da pessoa que está recorrendo ao serviço”, disse. O hospital onde Klara foi atendida e os conselhos regional e federal de enfermagem, informaram que farão apurações sobre essa denúncia de ameaça da enfermeira.