Touro Ferdinando não empolga e só passa tempo

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O Touro Ferdinando é um touro dócil que abomina violência, e basicamente esse é o mote da animação de mesmo nome, tocada pelo brasileiro Carlos Saldanha em sua última produção para a 20th Century Fox.

Interessante notar que Saldanha, que fez sucesso ao criar o esquilinho da era do Gelo, acabou por tornar sua assinatura a exploração de temas com um certo viés geográfico, como foi o caso de Rio e Rio 2, que apresentam, respectivamente, as animações dos animais dentro de uma sociedade com características peculiares, no caso o Rio de Janeiro e a própria Amazônia, e agora com o Touro Ferdinando é explorada a Espanha das touradas, com uma bela passagem pelo interior e uma retrato interessante da capital Madrid. 

Animação de Carlos Saldanha não consegue ir além do óbvio e deixa a desejar, talvez pela falta de inspiração do roteiro, ou mesmo pelas dublagens óbvias e sem qualquer empolgação, tal qual os traços comuns.

O Touro Ferdinando não empolga e só passa tempo, não sendo um desenho marcante, por nenhum fator que seja, e uma vez entendido isso, se torna possível conseguir alguma diversão com a animação, que pretende de forma rasa explorar a diversidade e a possibilidade de ser aquilo que é ditado pela essência, ao invés daquilo que a sociedade e os costumes determinam, o que nos tempos atuais pode ser aplicado para questões referentes tanto às escolhas pessoais e profissionais de cada um, tangenciando até questões de veganismo. 

“Divertidinho” sem ser merecedor de grandes gargalhadas, as melhores piadas são marginais ao enredo principal, tal qual ocorre nas demais produções de Saldanha, retomando o exemplo da Era do Gelo e do esquilinho que não tinha nenhuma relação com o arco principal nos primeiros filmes, sendo que no caso do Touro existe um coelhinho estressado: desnecessário, mas divertido.