Foi ao ar na noite da última segunda-feira (18/04), na novela Pantanal, uma cena em que Tenório, personagem interpretado por Murilo Benício, promove um verdadeiro show de horrores ao afirmar com todas as letras que seria capaz de afogar um filho, caso ele fosse homossexual.
Cenas com teor homofóbico eram comuns na primeira versão da novela, que foi transmitida pela Manchete em 1990. Na versão atual, a Globo decidiu suavizar as cenas e Guta, filha de Tenório, que é interpretada por Julia Dalavia, usou o termo LGBTQIA+ para defender os homossexuais, debatendo o tema com seu pai. Na versão original, foi utilizado o termo “sapatona”.
O autor Bruno Luperi é neto de Benedito Ruy Barbosa, que foi quem escreveu a versão de 1990. Um dos grandes desafios de Bruno tem sido atualizar a trama em que Jove (Jesuíta Barbosa) tem a sua sexualidade questionada pelos peões da novela.
Na internet, muitos telespectadores reclamaram que a cena homofóbica disparava gatilhos. Mas outros usuários gostaram do contraponto de Guta, que confrontou o pai, o questionando sobre o que ele faria se ela fosse lésbica. A personagem ainda fez um discurso detonando a fala do pai. Veja a cena abaixo.
A novela #Pantanal mostrou como desconstruir a naturalização da homofobia em um minuto. pic.twitter.com/EoxdVo4fDE
— Rafael (@RafaZveiter) April 19, 2022
Na versão de 1990, Guta fez o mesmo questionamento para Tenório, mas usando o termo sapatona. Nem Tenório e nem Maria Bruaca entenderam o que a filha queria dizer e ela revelou que sapatona era uma mulher que é homossexual, deixando o pai horrorizado. Veja a cena de 1990 abaixo e compare as duas versões.
Essa novela é cheia de gatilho, mas já amei a Guta falando LGBTQIA+ para a mãe #Pantanal pic.twitter.com/ubn5ORN05D
— Rick B. 🏳️🌈 (@rickbitch) April 19, 2022
O texto mais didático da Guta atual contrabalanceou o preconceito de seu pai Tenório, amenizando as palavras do personagem.