Os Incríveis 2 é uma animação divertida sem conseguir surpreender ou se reinventar

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O ano de 2004 trouxe a surpreendente animação de uma família superpoderosa, no caso os Incríveis. Depois que o governo baniu o uso de superpoderes, o maior herói do planeta, o Sr. Incrível, vive agora uma vida normal e pacata com sua família. Apesar de feliz com a vida doméstica, o Sr. Incrível ainda sente falta dos tempos em que viveu como super-herói, e sua grande chance de entrar em ação novamente surge quando um velho inimigo volta a atacar. Só que agora ele terá que contar com a ajuda de toda a família para vencer o vilão!  

Talvez o grande barato do primeiro longa tenha sido a vivificação das metáforas, extremamente bem colocadas caso a caso. O pai, exemplo de força dentro de uma estrutura familiar clássica detinha como poder a superforça. Já a mãe, tendo que se multiplicar em mil para cuidar da casa, do marido e dos filhos, tinha que ser a mulher elástica. A filha tímida, invisível como todo adolescente em iguais condições personifica o dom da invisibilidade. E por fim, o filho hiperativo acaba sendo o baluarte da velocidade e energia, sendo o amigo da família descolado o homem de gelo.   

Mas passaram-se quatorze anos, sempre com roteiros sendo feitos e descartados, e a comunidade entusiasta da Pixar se empolgou quando foi confirmada a continuação, que estreou nas férias de 2018. Contudo a animação não foi aquilo que o público esperava.  

Filmes da Pixar são divertidos, e esse fato se mantém. Mas o que sempre tem sido o grande diferencial, que é a composição narrativa em camadas, fica um pouco negligenciada na continuação. Verdade que existe uma mensagem feminista, uma contestação do papel do homem e da mulher no provimento da casa, e existe um repeteco da metáfora nas mil possibilidades e humores de um bebê, nesse caso manifesta em poderes. Mas acaba ai.  

Plano, reto e previsível. O vilão é tão evidente que até perde a graça. E não há sequer um momento memorável no novo longa da Disney, que tem perdido força em seus lançamentos após o sopro de ar fresco que foi Frozen – sem trocadilho. E sendo longo, quase duas horas de projeção, o filme mais cansa do que alivia. E isso com uma resenha oficial que deixa clara sua simplicidade: A Mulher Elástica entra em ação para salvar o dia, enquanto o Sr. Incrível enfrenta seu maior desafio até agora: cuidar dos problemas de seus três filhos.  

Difícil imaginar Os Incríveis voltando para um terceiro ato, sem que haja uma grande reinvenção, um excelente roteiro, o que é altamente improvável.