O Grande Final de Wandavision com spoilers

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E, finalmente, foi apresentado o Grande Final de Wandavision, com duas cenas pós-créditos. E por que essa seria uma informação importante? Porque, oficialmente, mostra que a Marvel voltou, ampliada, ao conceito criado no MCU. Mas é importante começar do começo, como diria o poeta. E antes de mais nada: SPOILERS À FRENTE. 

Wandavision é a série mais ousada da Marvel, quebrando a corrente que oscilava entre a emoção e a piadinha, trazendo reflexões maiores, discussões sobre doença mental e um luto explorado de maneira espetacular. Espetacular mesmo, porque trazer o ente amado dos mortos somente pela dor da perda não é para qualquer um, justificando a linda frase de Visão: o que é o luto, senão o amor que persiste? 

O tom adotado remete muito mais à obras mais marginais dos heróis Marvel do que ao que o mainstream popularizou. Assim, Wanda conversa mais com Logan, as séries dos Defensores e até mesmo Novos Mutantes, do que com a Saga de Thanos, por exemplo. O diretor Matt Shakman e a roteirista Jac Schaeffer conseguiram dar uma cara nova ao pontapé da nova fase Marvel.

Sem dúvida alguma, o começo maçante com visual e ritmo das séries dos anos 50, que a cada episódio pulava uma década, trouxeram a primeira grande ruptura e prova da liberdade criativa da dupla, sendo que, no terceiro episódio, o aquecimento acabou e o jogo começou. O início modorrento fez sentido, após o merecido luto por Tony, para que se aceite de coração aberto um novo arco. E a discussão sobre esse novo arco foi um grande tempero em Wandavision. Viriam os X-men? Seria a Dinastia M? Trama infernal? Haveria um retorno às tramas espaciais? Ou tudo isso? E o final não poderia ser mais apetitoso, com a implicação direta na Invasão Secreta dos Skrulls, e uma indicação da esquizofrenia de Wanda.

Para chegar lá, a roteirista Jac teve que suar para trazer o Pietro, de X-Men, para o jogo. E justificar a presença dele, e amarrar todas as pontas, deixando claro que Wandavision era apenas mais uma parte da intricada colcha de retalhos da Marvel, funcionando em sí mesma, mas muito melhor como parte de um todo e expandindo as fronteiras do universo Marvel, com personagens como o Visão Branco, Agatha Harkness, Monica Rambeau virando heróina, retornando Randall e Darcy (essa sim, um eterno alívio cômico), introduzindo a Sword quase como sucessora da Shield, e, acima de tudo, trazendo a transformação de Wanda em Feiticeira Escarlate de uma forma bem impactante.

Impossível não citar o incrível trabalho gráfico, algo realmente revolucionário. As técnicas utilizadas para “dar tilt” na realidade versus a criação de Wanda, e depois descontruir parcialmente sem parecer um defeito especial, mas, sim, uma falha na Matrix ficou deslumbrante e serviu como um personagem à parte, na grande narrativa construída, talvez uma das mais intricadas em uma série da Marvel.

Equilibrando um bom nível de “fan service” (como as impagáveis fantasias de Halloween), com a clássica receita de adaptação Marvel (afinal mídias diferentes precisam de desenvolvimentos diferentes), Wandavision abandona as saídas fáceis para trás e deixa como legado, além de novos personagens e velhos conhecidos repaginados, a certeza de que nada será igual no universo Marvel. Parafraseando Visão, em um momento de rara e profunda reflexão: “Eu já fui uma voz, um robô sem alma e a concretização das suas memórias. Quem dirá o que serei a seguir?” Bravo!