Com 25 anos de carreira e 52 filmes, o ator Vincent Cassel já pode se considerar um “cidadão brasileiro”. O TV PRIME conversou com o artista internacional, que hoje mora no Rio de Janeiro. Ele se mudou para o Brasil em 2013 e, desde então, diz que nunca se sentiu tão em casa, especialmente no cantinho da praia do Arpoador, onde comprou um apartamento e vive com a modelo – também internacional – Tina Kunakey e a filha de dois anos, Amazonie. Aliás, ele já está tão abrasileirado que o nome da pequena foi colocado em homenagem à floresta Amazônica.
Capoeirista, prática que ama e que pode ser vista em um dos seus trabalhos: Doze Homens e Outro Segredo, ele já atuou em produções também brasileiras como ‘À Deriva’, de Heitor Dalia; e o ‘O Filme da Minha Vida’, de Selton Mello.
Entre seus filmes de maior sucesso, ele destaca ´Faroeste Blueberry-Desejo de Vingança’, ‘O ódio’ e, como não poderia deixar de ser, ter protagonizado ´Cisne Negro´, que acabou levando o Oscar de Melhor Filme de 2011. Com o português fluente, Cassel recebeu o TV Prime no Vidigal. E é o que você confere a seguir!
*Repórter do TV PRIME no Rio de Janeiro com Vincent Cassel
O que te trouxe para o Brasil?
Na verdade, não sei exatamente, porque esse país é muito problemático. Mas sempre fui atraído para cá. Na verdade, não é o Brasil todo. Tem um monte de lugar que eu nunca fui. Mas o Rio de Janeiro e algumas partes da Bahia… Acho que esses locais têm uma poesia que a gente já perdeu há muito tempo na Europa.
Todos os seus trabalhos devem ter sido muito importantes para você. Mas qual deles você guarda com maior carinho e como um grande aprendizado?
No momento que você faz uma coisa que você gosta, acredita, você vai aprender muitas coisas. E uma coisa muito importante é escolher. Não somente entrar dentro de um sistema trabalhando, porque você tem que trabalhar. Acho que todo mundo quer trabalhar, fazer dinheiro para viver, mas, pelo menos para mim, sempre foi muito importante ter uma ligação artística com as coisas que escolho, senão é muito fácil de você se perder no meio do caminho.
Já teve alguma experiência nesse sentido? Aqui no Brasil, por exemplo, grande parte da população declara que não trabalha ou não consegue trabalhar com o que ama. O que você diria sobre isso?
É uma questão muito complicada e, com certeza, sabemos disso. E isso também é uma questão complicada no mundo inteiro. E isso acaba deixando de ser um trabalho e vira uma ilusão. Porque tudo aquilo que não te faz feliz é uma ilusão. O importante é conseguirmos não trabalhar apenas por trabalhar. É importante fazermos o que a gente ama também. Se você não gosta de fazer novelas, por exemplo, pode encontrar seu amor no teatro, uma coisa mais realística. Tem muita coisa nova acontecendo, dando possibilidades para que a gente faça o que ama. Hoje em dia, para você ver, poderia até mesmo fazer um filme com o celular e com qualidade em HD. Já existe essa possibilidade. Então a gente já não tem mais o problema para gravar ou escrever um roteiro, e sim para distribuir, onde ele vai ser colocado, entende? Um bom exemplo no Brasil é o Porta dos Fundos. Ele é colocado na internet, veja só, totalmente livre ao público sem ter a obrigação econômica em sua expressão artística.
Que conselho você deixa para o leitor do TV PRIME que está começando ou que pretende iniciar uma carreira de ator?
O importante sempre será fazer as coisas que te possibilitem continuar sonhando e vivenciando o que te faz bem. Devemos pensar em fazer o que nos faz bem, o que não é só um trabalho, pois, no momento em que vira um trabalho, ele pode perder muitas coisas importantes. Pelo menos na carreira de ator aprendi que curtir o que você faz na frente das lentes é crucial para o seu sucesso pessoal e profissional.