Caetano Veloso perdeu atração por homens após ficar preso: ‘fiquei com rejeição sexual à figura dos homens’

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O cantor Caetano Veloso tocou sobre diversos aspectos de sua vida pessoal durante um bate-papo com o escritor espanhol Paul B. Preciado durante a Feira Literária de Paraty (Flip 2020). Dentre os assuntos, estiveram o avanço da extrema-direita na política brasileira, além de memórias relativas à construção de sua sexualidade.

Caetano Veloso recordou que durante sua prisão em meio ao Regime Militar, ficando 54 dias em uma solitária, desenvolveu uma espécie de aversão ao gênero masculino, perdendo por completo a atração sexual que tinha por homens.

“O espaço muito masculino da prisão militar causou outro apagão no Narciso aqui, que foi da atração sexual e sentimental por homens. Fiquei com uma rejeição sexual em relação à figura dos homens, que eu não tinha”, recordou, fazendo menção ao seu livro, Narciso de Férias, que deu origem para um documentário do Globoplay.

Durante os anos de Regime Militar no Brasil, Caetano Veloso entrou para a lista de artistas considerados subversivos e desvirilizantes, tendo em vista a sua aproximação com movimentos de esquerda, fortemente combatidos pelo governo instaurado.

Na visão do artista, em uma reflexão filosófica, a “masculinidade soberana” é definida pelo uso da força e violência. Ele recordou que nas sociedades patriarcais, o homem exercia o domínio familiar apropriando-se desta ótica, como se os homens brancos e heterossexuais tivessem autonomia para ferir e matar os outros corpos tidos como subalternos. Segundo ele, tais práticas se mostram muito próximas à ideologia fascista.