“Por que você fala a palavra Romântico como se isso fosse um palavrão?” A frase do protagonista resume com perfeição o longa La La Land.
No microcosmo superficial de Los Angeles, onde “tudo se venera e nada tem valor”, brota uma linda história de amor, tão improvável quanto qualquer outra, delicada e sensivelmente explorada pelo quase novato diretor (e escritor) Damien Chazelle.
O diretor, que após 6 anos com a história pronta, encontra no quase sempre canalha Ryan Gosling um romântico incorrigível, em um par perfeito com a sempre ótima Emma Stone. O casal protagonista, juntos pela terceira vez, mostra química e sintonia impecável em um filme que homenageia as artes. Há uma fotografia poética, que explora as cores de LA em tons pastéis como uma verdadeira pintura, que emoldura músicas bem escritas, executadas e encaixadas a ponto de fazer esquecer que é um musical – ainda que fosse o sentimento de se estar na Broadway premiada em alguns momentos.
Mas esse sentimento logo é superado quando Ryan emula um misto de Gene Kelly e Fred Astaire, homenageando um cinema muito mais romântico que o atual; tom que dita o filme inteiro. Impossível não enxergar em Ryan um Bogart moderno, e, em Emma, sua Hepburn, encantadora e apaixonante.
E ainda que seja exibido em época de imax e efeitos, La La Land triunfa em seu roteiro, produção, em atuações impecáveis, tal qual Casablanca. E, acima de tudo, triunfa na forma intimista e sutil de contar os verdadeiros marcos da história, sempre com um silêncio ou um olhar. Se o cinismo moderno é uma doença, La La Land é parte da cura, emocionando em um simples encontro de mãos.
Todos os prêmios merecidos, aqueles recebidos e os que certamente deveriam ter vindo. Bravo!