O remake de Vale Tudo tem chamado atenção não apenas pela trama envolvente, mas também pelo excesso de publicidade integrado às cenas. Em um dos momentos mais recentes, Afonso (Humberto Carrão), debilitado pelo tratamento contra um câncer, participou de um chá de fraldas preparado pelos colegas de Solange (Alice Wegmann).
O que poderia ser uma sequência emocionante acabou se transformando em vitrine de produtos em busca de mais dinheiro, já que o personagem elogiou de forma exagerada os itens recebidos, como se estivesse em um comercial dentro da novela.
Banalização de drama em Vale Tudo
Segundo Giulianna Muneratto, o contraste entre o drama do personagem e a inserção publicitária causou estranhamento no público. Em vez de comover, a cena gerou piadas nas redes sociais e levantou críticas sobre a falta de sensibilidade da emissora. A mistura de um tema delicado, como a luta contra o câncer, com publicidade explícita reforçou a sensação de oportunismo e acabou afastando parte da audiência, que esperava emoção genuína.
Situação semelhante ocorreu em outra sequência, quando Afonso descobriu que seu irmão, dado como morto por mais de uma década, havia sido encontrado. No auge da emoção, Solange interrompeu o drama para anunciar que lavaria suas roupas, emendando a fala com uma propaganda forçada de sabão em pó. O momento, que tinha tudo para ser marcante, perdeu intensidade ao ser interrompido por publicidade.
Não é a primeira vez que a Globo recebe críticas pela quantidade de merchandising em seus folhetins. Entretanto, em Vale Tudo, o excesso se tornou ainda mais evidente, com praticamente todos os núcleos abrindo espaço para produtos e serviços. O caso de Afonso é visto como o ponto mais incômodo, já que nem uma cena de hospital escapou de virar vitrine.
Publicidade priorizada
Ao priorizar a publicidade em detrimento da emoção, a novela corre o risco de enfraquecer sua maior qualidade: a conexão com o espectador. O merchandising pode ser útil quando integrado de forma natural, mas no remake, a insistência em transformar dramas em comerciais tem ultrapassado limites e comprometido a narrativa.