O cantor e compositor Arlindo Cruz faleceu na sexta-feira, 8 de agosto, aos 66 anos. A informação foi confirmada por sua esposa, Babi Cruz.
O velório, realizado no sábado, 9 de agosto, adotou o formato de gurufim, uma tradição africana que une homenagens e celebração com música e dança.
Gurufim: uma celebração da vida e obra de Arlindo Cruz
O gurufim, costume trazido da África para o Brasil durante o período da escravidão, mistura reverência e celebração à vida. Segundo o historiador Luiz Antônio Simas, a expressão representa um luto que não anula a alegria. Simas descreve o ritual como um momento em que o samba divide espaço com homenagens e lembranças, definindo-o como uma estratégia simbólica para enganar a morte.
Ele ainda cita Luís da Câmara Cascudo, afirmando que a palavra gurufim remete a golfinho, figura mitológica vista como guia das almas para o além. A bateria verde e branca, tradicionalmente ligada ao samba, marcou presença na cerimônia, abrilhantando a despedida do sambista.
A trajetória de Arlindo Cruz e o legado musical
Arlindo Cruz sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico em março de 2017, após passar mal em casa. Ele permaneceu internado por quase um ano e meio, enfrentando as sequelas da doença desde então. Em maio de 2025, enquanto Arlindo estava internado, sua filha Flora compartilhou um desabafo revelador, afirmando que o pai tinha muita vontade de viver.
Flora relatou que, mesmo diante das dificuldades, Arlindo demonstrava seu desejo de continuar vivendo e compartilhando momentos com a família. “Ele tem muita vontade de viver. Arlindão tem muito tesão em viver. Então, até quando a gente começa a desacreditar, ele mostra pra gente que é capaz, que ele está ali, que ele quer aquilo, que ele quer viver com a gente“, declarou Flora na ocasião. Ela também mencionou os sustos frequentes devido à condição de saúde do pai, acamado há oito anos, e vulnerável a complicações como pneumonia.
