Após ocorrido em Vale Tudo, Paolla Oliveira se manifesta e diz poucas e boas: ‘Estão se afastando, julgando…’

A atriz Paolla Oliveira expressa surpresa com a reação do público à sua personagem Heleninha, abordando a dificuldade de aceitação do alcoolismo.

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A atriz Paolla Oliveira tem se manifestado sobre a recepção do público à sua personagem Heleninha, na novela “Vale Tudo”.

Ela esperava que a interpretação de uma pessoa com alcoolismo fosse compreendida e acolhida, mas notou que muitos telespectadores julgam a personagem, o que a levou a refletir sobre a prontidão da sociedade em lidar com o alcoolismo. A atriz expressou sua surpresa com a forma como o público tem reagido, indicando que, apesar de o alcoolismo ser reconhecido como uma doença, a compreensão sobre o comportamento de quem a enfrenta ainda é limitada.

Paolla Oliveira revelou ao jornal Extra que sua expectativa era ser uma “porta-voz” e que a personagem pudesse representar pessoas em situações semelhantes, gerando identificação. No entanto, ela percebeu que a representação de um quadro tão delicado pode gerar desconforto.

“Eu tinha essa expectativa de ser uma porta-voz. E de fazer bem para que as pessoas se sentissem representadas, mas é difícil. Porque se ver representado num lugar tão difícil como esse pode gerar desconforto. O que eu mais faço o tempo todo é não sair do foco de transmitir a delicadeza e a intensidade desse problema”, afirmou. A atriz complementou: “Venho me surpreendendo com a recepção do público. Todos sabem que o alcoolismo é uma doença, mas não sabem como os alcoolistas se portam. Achei que ia ser mais sério, mais adensado, mas vejo que as pessoas não estão prontas”.

A percepção do público e o desafio da representação

A atriz também observou que algumas pessoas associam o alcoolismo a uma condição de “super-ricos, privilegiados”, o que as afasta da personagem em vez de promover a empatia. “Me deparei com gente achando que o alcoolismo é uma doença de super-ricos, privilegiados. Em vez de se aproximarem da Heleninha — era essa minha expectativa —, essas pessoas estão se afastando, julgando”, disse. Contudo, ela ressalta que há também um grupo significativo que demonstra compreensão. Para Paolla, o mais importante é a abordagem do tema, pois “se a gente não levanta a bola, não tem jogo”. Para construir a personagem, a atriz buscou conhecimento em diversas fontes, incluindo a convivência com uma pessoa com alcoolismo na família, a participação em reuniões de Alcoólicos Anônimos e conversas com psiquiatras.

Lidando com as críticas e a complexidade da personagem

Paolla Oliveira reconhece que sua atuação tem sido alvo de críticas, mas afirma não se blindar delas, especialmente as que chegam pela internet. Ela busca entender as críticas, ponderando que “a gente não pode só enaltecer quando é bom, a gente tem que ser verdadeira também quando acontece alguma coisa que não está no nosso controle, que foge da expectativa”. A atriz considera que muitas críticas são “rasas”, especialmente devido ao poder que a internet concedeu às pessoas. Ela enfatiza a importância de os artistas saberem lidar com isso. “Quando as pessoas não gostam, falam do externo: ‘Se mexe demais, tem tique…’. Quando entendem, dizem: ‘Me emociona, me angustia, sinto pena'”, explicou.

A atriz descreve Heleninha como uma personagem “incômoda” que a agrada, pois “ficaria triste se as pessoas falassem que ela não causa nada. Ela não é palatável, é indigesta mesmo”. Para Paolla, a personagem a trouxe para uma vivência inédita, onde a vocação se sobrepõe à profissão.

“Heleninha me deixa viva, me motiva, me desafia, me desgasta de um jeito que eu amo”, declarou. Um dos detalhes que gerou comentários do público foi o tique de Heleninha de mexer no cabelo. Paolla revelou que essa característica surgiu quando a personagem se apaixonou por Ivan (Renato Góes), refletindo a “obsessão, essa coisa agitada, essa tensão emocional que a Heleninha tem junto com a sedução”.

Com 20 anos de carreira na TV Globo, Paolla Oliveira, que estreou em “Belíssima” (2005), afirma que hoje lida melhor com as críticas e se sente mais segura em suas escolhas. Ela reflete sobre a tendência de associar o insucesso de um personagem à própria atuação:

A gente cai numa cilada de achar que tudo tem a ver com a gente. Se o personagem não foi aceito, a culpa é minha. Sofria à beça”. A atriz considera-se privilegiada por ter interpretado papéis de sucesso, mas também reconhece ter feito personagens que demoraram a ser aceitos. Ela descreve o período atual como o mais feliz, por poder interpretar Heleninha de forma ousada. “Optei por fazer Heleninha de um jeito que talvez as pessoas não esperassem… Ainda bem que foi agora! Se fosse um tempo atrás, talvez sofresse”, concluiu.