Os telespectadores que estão acompanhando a novela Vale Tudo devem se preparar para um novo capítulo fora das telas: a Globo precisará montar uma operação de guerra para manter em segredo o principal mistério da trama — o assassinato de Odete Roitman, interpretada agora por Débora Bloch.
Segundo Walter Felix, colunista do Na Telinha, diferentemente do que ocorreu em 1988, ano em que a novela foi exibida originalmente, o maior inimigo da emissora atualmente é a velocidade da internet.
Estratégia dos anos 80 deu certo na época
Na exibição original, foi possível guardar a identidade do assassino até o último capítulo, veiculado em 6 de janeiro de 1989. Naquele tempo, a produção contou com a vantagem de um ambiente sem redes sociais ou portais de fofoca. A emissora convocou cerca de 20 atores para gravar a cena no mesmo dia da exibição, criando um clima de tensão e sigilo absoluto nos Estúdios Globo. As gravações só terminaram horas antes de o capítulo ir ao ar.
A estratégia funcionou: até os profissionais envolvidos descobriram o desfecho apenas nos minutos finais da produção. Especulou-se que diversos finais foram gravados como medida preventiva contra vazamentos, mas essa versão nunca foi confirmada oficialmente.
Quem matou Odete Roitman?
O remake, que já confirmou a morte da personagem icônica, deve repetir a fórmula da pergunta que mobilizou o país: “Quem matou Odete Roitman?”. A autora Manuela Dias, responsável pela nova versão, já revelou que pretende manter o assassinato na narrativa, mas com um novo responsável — e sem repetir Leila, a assassina da versão original.
Na primeira versão, a personagem de Cássia Kis matou Odete após confundir a vilã com a amante do marido, Marco Aurélio, e atirar sem olhar. A reviravolta entrou para a história da teledramaturgia brasileira e marcou época.
Manter o suspense vivo, porém, será muito mais difícil agora. Apesar do bom engajamento nas redes, o remake ainda não alcançou os altos índices de audiência esperados para o horário das 21h. Em alguns dias, tem sido ultrapassado por Garota do Momento e Dona de Mim, exibidas mais cedo.
Se a repercussão continuar tímida, manter o mistério até o último capítulo se tornará uma missão ainda mais complicada. Com cinco meses restantes até o encerramento da novela, previsto para outubro, a Globo terá que reinventar estratégias de contenção e sigilo. Afinal, segurar o segredo da morte mais famosa da teledramaturgia brasileira é uma façanha que, em 2025, exige muito mais que um bom roteiro.
