Claudia Leitte quebrou o silêncio sobre o inquérito de racismo religioso aberto pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) após alterar a letra da música Caranguejo em um show, substituindo a homenagem à orixá Iemanjá por uma referência a Yeshua, nome hebraico de Jesus. A cantora se pronunciou nesta segunda-feira (30), durante coletiva de imprensa no Festival Virada Salvador.
“Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial”, declarou a artista. “Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem jogá-los ao tribunal da internet. É isso”, concluiu.
Entenda a polêmica
A denúncia, feita pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), aponta que a alteração da letra, além de descontextualizar a canção tradicionalmente associada à Festa de Iemanjá, configura discriminação e desrespeito às religiões afro-brasileiras.
O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, classificou a atitude da cantora como racismo e apropriação cultural. A professora e escritora Bárbara Carine também criticou a substituição, ressaltando a importância de respeitar os símbolos das religiões afro-brasileiras.
Investigação em curso
O MP-BA investigará a responsabilidade civil e criminal de Claudia Leitte pela possível violação de um bem cultural e de direitos de comunidades religiosas. A promotora Lívia Sant’Anna Vaz afirmou que o inquérito analisará os elementos apresentados pelos denunciantes para apurar se houve crime de racismo religioso.
Claudia Leitte repete a alteração em outros shows
Mesmo após a polêmica, Claudia Leitte cantou “Eu canto meu Rei Yeshua” em outras apresentações, como no pré-Réveillon do Recife, intensificando o debate público sobre o caso.