A figura misteriosa do cramulhão, que cativou e assustou o público na novela Pantanal, retorna à faixa das 21h, prometendo mais intrigas e elementos sobrenaturais no remake de Renascer. Na trama, também adaptada por Bruno Luperi, o diabo se torna central na trajetória de José Inocêncio, interpretado por Humberto Carrão e Marcos Palmeira em diferentes fases.
O personagem, astuto e ambicioso, explora a curiosidade alheia em torno de um ovo misterioso que ele choca, dando vida a uma criatura demoníaca, que mantém aprisionada em uma garrafa. Este elemento místico agrega um tom de suspense e mistério à trama, mantendo os espectadores na expectativa de cada novo desenvolvimento.
Remake de Renascer estreia nessa segunda (22)
A trama, uma releitura da obra original de Benedito Ruy Barbosa exibida pela primeira vez em 1993, se mantém fiel ao imaginário popular e às crenças regionais. No entanto, busca alcançar um público mais amplo ao introduzir personagens evangélicos, incluindo um pastor, e transformar alguns personagens já existentes. A produção toma essa direção estratégica para evitar rejeição dos telespectadores cristãos, apresentando uma gama diversificada de crenças, que inclui uma mãe de santo e um padre, demonstrando um equilíbrio entre as diversas manifestações de fé.
A personagem Inácia, vivida por Edvana Carvalho, tem um papel crucial na trama, reconhecendo imediatamente as forças sobrenaturais que protegem José Inocêncio. Sua habilidade em perceber mensagens dos espíritos adiciona uma camada de misticismo à história, sem entrar em conflito com outras crenças religiosas. Ela se torna uma figura de apoio para José Inocêncio, especialmente após um ataque brutal que ele sofre por parte de capangas de um rival, o coronel Firmino, interpretado por Enrique Diaz. Este incidente, onde José Inocêncio é deixado para morrer, se transforma em uma lenda local, reiterada ao longo da trama e contribuindo para a aura mística que envolve o personagem.
Corpo fechado de José Inocêncio
Outro aspecto fascinante da história é a ascensão impressionante de José Inocêncio em meio a um cenário adverso. Quando ele toma posse das terras de uma viúva, ele encontra os produtores de cacau do Sul da Bahia em desespero, lutando contra uma praga devastadora, a vassoura-de-bruxa. A maneira milagrosa com que José Inocêncio supera esses desafios, escapando de várias emboscadas, alimenta rumores sobre um suposto pacto com o diabo e proteção sobrenatural. A fama de ter um “corpo fechado” pelo demônio se espalha, ao mesmo tempo, em que ele mantém um altar para Nossa Senhora em sua casa, criando um paradoxo entre o sagrado e o profano.
Segundo Márcia Pereira, colunista do Notícias da TV, a novela deixa deliberadamente em aberto a questão sobre qual força guia realmente o destino de José Inocêncio, alimentando especulações entre os personagens e os espectadores. Rumores de que ele cavalga um bode preto com olhos vermelhos, espalhando uma substância mágica sobre as plantações, que miraculosamente prosperam, adicionam uma camada extra de mistério.
José Inocêncio, jogando com essas crenças populares, confirma abertamente que cultiva um cramulhão em sua casa, aumentando o fascínio e a curiosidade sobre sua figura enigmática. Essa habilidade de manter o público adivinhando é um dos aspectos que tornam a trama tão envolvente e um sucesso contínuo na televisão brasileira.